RIO – A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB/RJ) apresentou uma denúncia ao Conselho de Administração de Defesa Econômica (Cade) nesta terça-feira, contra uma possível compra da Estácio pela Kroton Educacional, maior grupo de educação privada do país. No início do mês, a companhia anunciou que preparava uma proposta para adquirir a concorrente carioca.
A Ordem argumenta que, se concretizada, a operação trará concentração econômica ilegal ao mercado, ferindo a Lei 12.529, do âmbito do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, além de causar riscos à qualidade de ensino. Para a entidade, haveria indicios de criação de monopólio no setor.
No documento, afirma que vislumbra-se a possibilidade de haver grande prejuízo à concorrência no setor de ensino. Segundo relatório da agência Educa Insight2, a fusão dos dois grupos geraria, em 75 cidades brasileiras, a concentração de mais de 30% dos alunos matriculados nas mãos da nova instituição. O limite seria de 20%, de acordo com as regras do Cade, diz a OAB/RJ.
Fabio Nogueira, procurador-geral da Ordem no Rio, explica que sem competição, se abriria espaço para aumentos abusivos nos preços das mensalidades e para a precarização do ensino. O monopólio inibe as condições benéficas que estimulam as melhorias do serviço advindas de um ambiente sadio de disputa, defende ele.
O documento menciona ainda os prejuízos socioeconômicos provocados pelo fim das universidades Gama Filho e da Cidade, em consequência das aquisições desastrosas que tratam a educação como mera mercadoria. No caso de uma união entre Kroton e Estácio, a Ordem destaca que haveria concentração principalmente na área de ensino à distância. Caso seja realizada a operação, o novo grupo administrará 48% do mercado de estudantes na modalidade a distância e 50% dos que ingressam no ensino superior neste seguimento, alerta o documento.
Procuradas, a Kroton e a Estácio ainda não comentaram o assunto.