RIO – Dos 93 casos de microcefalia associados à infecção congênita confirmados na Região Sudeste entre fevereiro deste ano e o último dia 11, 70 (75,26%) foram do Rio de Janeiro. Os dados foram divulgados na quarta-feira pelo Ministério da Saúde com base nas informações fornecidas pelos estados. Paralelamente, o Rio teve 491 notificações de suspeitas da doença, 42,91% do total de notificações da região (1.144). Outros números, no entanto, revelam que os recém-nascidos do estado sofreram a maior infecção da doença em toda a região. Dos 215 casos até agora investigados pela Secretaria de Saúde,sobre as notificações, 32,55% deles confirmaram diagnóstico de microcefalia associada à infecção congênita. Um número sete vezes maior do que os casos confirmados em São Paulo.
No maior estado do país, vizinho ao Rio, das 174 notificações investigadas até 11 de junho, apenas oito confirmaram microcefalia por infecção congênita (4,59% dos casos). O Espírito Santo teve proporcionalmente a segunda maior confirmação de casos. Dos 61 casos investigados, 19,67% deram positivo para microcefalia por infecção congênita. Em Minas, dos 58 casos examinados, apenas três foram confirmados (5,17%).
De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, o aumento do número de confirmações está relacionado ao grande número de gestantes infectadas pelo Zika Virus no ano passado e no início deste ano:
O Rio sofreu no começo deste ano e no ano passado uma circulação muito grande do vírus zika, com um número muito grande de gestantes infectadas, e um número grande de casos de microcefalia identificados na rede. Não é possível afirmar que todos os casos foram infectados pelo virus, porque quando o bebê nasce, ele não está mais presente. Mas é possível afirmar que parte significativa dos casos tenham sido por zika – afirmou o subsecretário, lembrando que os outros estados da região Sudeste tiveram maior incidência de dengue, e não de zika.
Para acelerar as investigações sobre o total de 491 notificações ocorridas entre fevereiro e o último dia 11 de junho, o governo criou uma força-tarefa no estado:
– A gente usa o mesmo processo do Ministério da Saúde, mas como tivemos uma incidência muito grande de notificações, decidimos criar procedimentos para acelerar o processo de confirmação. Entre eles o Rio tomou a decisão de oferecer os serviços do Instituto Estadual do Cérebro, que tem uma equipe multidisciplinar com possibilidade de realizar e de ter resultados de exames de imagens em um tempo bem rápido. Isto aumentou muito o nosso percentual de confirmação de casos, porque essa criança chega no Instituto do Cérebro e já passa por avaliação de pediatra, de neuro-pediatra, que já realiza tomografia, realiza ressonância se for o caso, e já pode fechar o diagnóstico. Além disto, nós montamos um comitê multidisciplinar para o fechamento dos casos de infecção congênita, que auxilia na avaliação – explicou Alexandre Chieppe.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, das 491 notificações do Rio, 276 ainda estão em investigação. São Paulo teve 383 notificações, ainda investiga 209, descartou 166 casos e confirmou oito casos de microcefalia por associação à infecção congênita. O Espírito Santo teve 153 notificações, investiga 92, descartou 49 e confirmou 12 casos. Já Minas Gerais teve 117 notificações, ainda investiga 59 delas, descartou 55 e confirmou um total de três casos.