Cotidiano

Novela é tema de seminário na ABL

RIO ? Depois de debater o funk, a ABL agora leva a telenovela para suas discussões abertas ao público. No ciclo de conferências ?Teledramaturgia: a reinvenção de um gênero? ? que tem início hoje, às 17h30m, no Teatro Magalhães Jr, na sede da instituição, à Avenida Presidente Wilson 203, no Castelo ?, o ator, diretor e produtor Daniel Filho fará um depoimento em primeira pessoa sobre sua experiência de décadas trabalhando em TV. Intitulada ?Testemunha ocular da história?, a palestra tem entrada franca e terá transmissão direta pelo site www.academia.org.br.

O ciclo tem coordenação-geral da acadêmica e escritora Ana Maria Machado e coordenação do também acadêmico e jornalista Zuenir Ventura, entusiasta do tema e da sua deferência nos salões nobres da Academia. Links novelas

? A telenovela é a narrativa ficcional mais popular do Brasil e nosso principal produto cultural de exportação. Segundo dados do instituto Kantar IBOPE, mais de três milhões de telespectadores assistem a um capítulo diariamente e, em 30 países, muitos fazem o mesmo. Recentemente, o ?New York Times? publicou matéria recomendando: ?Qualquer um que queira entender o Brasil e sua agruras deve prestar atenção à tórrida e peculiar relação entre os brasileiros e suas novelas?. Só por preconceito elitista a ABL ficaria distante desse fenômeno, herdeiro da tradição literária dos folhetins do século XIX ? explicou Zuenir.

Fã de novelas, o coordenador observa que a intenção do ciclo é contribuir para o entendimento de um gênero que não tem merecido a atenção dos estudos acadêmicos:

? Se as novelas frequentam milhões de lares, merecem entrar também na nossa casa como objeto de reflexão teórica.

Zuenir lembra que a trajetória de Daniel Filho ?se confunde com a história da teledramaturgia do Brasil?. Diretor de mais de 70 títulos, entre novelas, séries e minisséries, ao longo de 40 anos, Daniel esteve à frente de clássicos da memória afetiva brasileira, como ?Dancin?Days?, ?Roque Santeiro? e ?O primo Basílio?. Em 1967, já conhecido por seus trabalhos em outras emissoras, o diretor foi chamado às pressas pela TV Globo para resolver o problema do folhetim ?A rainha louca?, da cubana Glória Magadan, uma história que se passava no México do século XIX, misturando tropas napoleônicas, capa, espada e batalhas épicas. Caberia a ele aproximar do público aquele mundo de fantasias inverossímil.

? Ele foi um dos responsáveis pela nacionalização do gênero ? ressalta Zuenir.

As próximas palestras acontecem sempre às terças-feiras. No dia 13, a atriz Fernanda Montenegro fala sob o mote ?A atriz como intérprete de si mesma?; no dia 20, será a vez do jornalista e crítico de TV e teatro Artur Xexéo, em fala sobre ?A época de ouro?, e no dia 27, o convidado será o dramaturgo João Emanuel Carneiro, em ?A virada do jogo?.