Cotidiano

Novas terapias revolucionam o tratamento contra o câncer

Para chamar a atenção da população sobre a importância em discutir a segunda doença que mais mata pessoas no mundo, foi instituído o dia 8 de abril como o Dia Mundial da Luta contra o Câncer. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem a doença anualmente. Já o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que, neste ano, sejam diagnosticados 600 mil novos casos da doença, mesma projeção para o ano de 2019.

Os dados são alarmantes, mas os avanços em pesquisas sobre o genoma dos cânceres, a biologia dos tumores e suas resistências, fizeram com que surgissem novas terapias e medicamentos que estão se tornando fortes aliados no tratamento e na cura da doença.

Segundo o coordenador clínico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Ariel Kann, a oncologia caminha cada vez mais para o tratamento individualizado: “As recomendações para o tratamento passaram a ter como base não apenas a doença, mas também o tipo específico do câncer e as características do paciente. Nesse contexto, surgiram outras opções além da tradicional quimioterapia, como drogas-alvo e imunoterapia, que podem ser utilizadas isoladamente ou em combinação”, explica.

Imunoterapia, terapia-alvo (ou drogas-alvo) e CAR T-Cells fazem parte da nova geração de terapias consideradas revolucionárias no tratamento do câncer. Além disso, nos últimos anos, muitos medicamentos já existentes passaram a ser indicados em outros tipos de câncer, baseadas em estudos científicos, como é o caso da imunoterapia.

IMUNOTERAPIA

O QUE É? O corpo humano possui um sistema imunológico extremamente atento e específico para atacar microrganismos e células estranhas. Porém, os tumores malignos desenvolvem mecanismos, que os fazem crescer dentro do corpo, passando despercebidos pelo sistema imunológico. Os medicamentos imunoterápicos são anticorpos que retiram esse “freio” da resposta imunológica e fazem com que o organismo enxergue os tumores como inimigos e os ataquem.

EM QUAIS CASOS É INDICADA? No Brasil, a imunoterapia já pode ser utilizada no tratamento de câncer de pulmões, bexiga, rins, melanoma (pele), cabeça e pescoço e linfomas de Hodgkin.

TERAPIA-ALVO OU DROGA-ALVO

O QUE É? As terapias-alvo são drogas que atuam em alvos específicos das células tumorais. Se aproveitam da diferença que a célula tumoral possui em relação as células normais e conseguem agir mais especificamente em determinadas alterações genéticas do câncer. Em geral, não possuem tantos eventos adversos como a quimioterapia. As drogas-alvo podem agir isoladamente ou em combinação com quimioterapia, radioterapia ou imunoterapias.

EM QUAIS CASOS É INDICADA? Câncer de rins, pulmões, mamas e pele.

CAR T-CELL

O QUE É? CAR T-cell é uma nova forma de terapia contra o câncer que foi criada com uma incrível tecnologia: os linfócitos T (células de defesa) dos pacientes são modificados em laboratório para se ligar as células tumorais e eliminá-las. Para isso, o sangue do paciente é colhido e filtrado por uma máquina de aférese (a mesma utilizada para doação de sangue, que separa as plaquetas) para obter as células T. Após esse procedimento, em laboratório, um gene para um receptor especial chamado "chimeric antigen receptor" é inserido nas células T. Milhões de células CAR T são estimuladas a crescer em laboratório e inseridas no paciente novamente. Estas células T irão reconhecer e eliminar as células do câncer. CAR T-cell deve chegar ao Brasil e foi considerada o principal avanço na luta contra o câncer em 2018 pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica.

EM QUAIS CASOS É INDICADA? Até o momento, já obteve sucesso em tratamentos de tumores hematológicos, como leucemia linfoblástica aguda de crianças, mieloma múltiplo e linfoma não Hodgkin.

 

Hábitos saudáveis reduzem incidência da doença

Diante das estatísticas e do medo que gira em torno da possível descoberta de um câncer em algum membro da família, o Dia Mundial de Combate ao Câncer entra como um verdadeiro suporte para o fornecimento de informações adequadas e para o incentivo de hábitos que podem diminuir a incidência da doença.

Segundo a médica especialista em cancerologia cirúrgica do Hospital Uopeccan Mariana Moreira, alguns tipos de câncer são, sim, evitáveis. “Existe a prevenção primária, que é quando você evita comportamentos de risco e também existe a prevenção secundária que é quando a gente descobre a doença no começo, tendo mais chances para a cura”, introduz.

Esses comportamentos, de acordo com a médica, são variados: “Primeiro de tudo, é preciso evitar o cigarro, porque o tabagismo está relacionado a tipos de câncer em praticamente todo o corpo. Isso porque o cigarro afeta o pulmão, todo o canal por onde passa a fumaça e até a bexiga. Também é preciso evitar o etilismo, que é o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. E, principalmente na nossa região, o câncer de pele não melanoma é bastante frequente. Por essa razão, indicamos que as pessoas evitem a exposição frequente aos raios do sol, sempre fazendo uso de protetores solares e bloqueadores como chapéus, roupas compridas e óculos escuros”.

Práticas de atividades físicas, alimentação equilibrada e histórico familiar, segundo Mariana, também são questões importantes. “A obesidade está diretamente ligada a alguns tipos de câncer, como estômago e fígado. Associando as atividades físicas a uma dieta saudável, é possível evitar a obesidade e as consequências dela”, indica. “Quanto ao histórico, eu sempre digo que é preciso que o paciente tenha uma lista apontando quais são os parentes que tiveram câncer e quais foram os tipos da doença. Com essa lista, nós, enquanto médicos, já conseguimos investigar certas doenças mais específicas ligadas a genética, por exemplo. Assim, a gente acompanha o paciente muito antes dele apresentar algum sinal de câncer”.

FIQUE ATENTO A:

febres frequentes

fadiga

perda de peso sem explicação

dores que não passam

surgimento de ínguas ou caroços

alterações nas fezes e urina

sangramentos

manchas na pele

O QUE FAZER?

Diante da persistência de qualquer um desses sinais, é necessário buscar atendimento médico nas unidades de saúde. Caso a doença seja confirmada, haverá encaminhamento para as unidades hospitalares de referência. Hoje, por exemplo, o Hospital Uopeccan é referência para a 5ª Regional de Guarapuava, a 7ª Regional de Pato Branco, a 8ª Regional de Francisco Beltrão, a 9ª Regional de Foz do Iguaçu, a 10ª Regional de Cascavel, a 11ª Regional de Campo Mourão e a 12ª Regional de Umuarama, atendendo também casos específicos vindos de estados e países vizinhos.

 

Hospital Uopeccan é referência nacional

Fundado em junho de 1991, o Hospital Uopeccan, com sede em Cascavel, é fruto de dedicação e trabalho de milhares de pessoas que sonhavam com um hospital especializado em oncologia.

Referência em toda a América Latina, o Hospital Uopeccan se consolidou como uma instituição hospitalar de ensino, pesquisa e tratamento do câncer. Hoje possui a sede em Cascavel, que é referência em cancerologia e também é credenciada para o transplante de fígado e transplante de medula óssea autólogo. Em Umuarama, a unidade filial já completou dois anos de funcionamento e, além da oncologia, também é hospital geral para algumas especialidades.