O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nessa quarta-feira (23) que a aplicação de novas bandeiras tarifárias, que elevam o custo da conta de energia elétrica, tem o objetivo de evitar um racionamento no País.
Guedes disse que “estamos vindo com bandeiras novas”, mas não detalhou se estava se referindo a eventual criação de mais um patamar de bandeira tarifária em nível mais elevado do que os existentes hoje.
Em reunião com representantes da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), o ministro afirmou que a situação hídrica gerou um choque na inflação. “Nossa inflação deu um salto, indo a 8% em 12 meses, exatamente por causa de comida e energia. Energia, porque agora estamos vindo com bandeiras novas para evitar o racionamento lá na frente, está havendo uma racionalização no uso agora, e isso é um choque. Vai haver um choque na energia e um choque de alimentos”, afirmou.
De acordo com o ministro, a entrada em vigor da autonomia formal do Banco Central é uma maneira de evitar que esses choques temporários sejam transformados em aumento permanente de preços.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deverá aprovar, na próxima semana, um reajuste das bandeiras tarifárias, um valor adicional que encarece as contas de luz sempre que o custo de geração da energia sofre alta.
A tendência, segundo técnicos que participam das discussões com o governo, é a de que o conselho diretor da agência aprove um aumento que varia entre 40% e 60% das bandeiras – o que acarretará um aumento entre 15% e 20% na conta de luz.
Os números ainda estão sendo fechados pelos técnicos da agência e devem vigorar a partir de julho. A expectativa é que permaneçam nesse patamar até o fim do ano.
Na bandeira verde, não há adicional por quilowatt-hora consumido. Na amarela, esse extra é R$ 1,34 para cara 100 kWh (quilowatt-hora). Na bandeira vermelha, há dois patamares: R$ 4,16 (nível 1) e R$ 6,24 (nível 2). Diante da mais grave crise hídrica dos últimos 91 anos, a Aneel impôs a bandeira vermelha 2 em junho.
Caso o aumento se confirme, o preço a mais do kWh passaria dos atuais R$ 6,24 para cerca de R$ 10. Esse movimento exercerá mais pressão sobre a inflação.