SÃO PAULO. A nomeação de Solange Almeida como secretária no governo do Rio de Janeiro deve retirar do juiz Sérgio Moro a ação movida contra o ex-deputado Eduardo Cunha, na qual ele é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em contratos de construção de navios-sonda da Petrobras. A investigação começou em 2016 e, quando Cunha perdeu o mandato, a ação foi remetida do Supremo Tribunal Federal para o Tribunal Regional Federal da 2ª Região porque Solange Almeida, envolvida na investigação, era prefeita de Rio Bonito e detinha foro privilegiado.
Braço direito de Cunha, Solange não foi reeleita nas eleições do ano passado e, em janeiro último, o desembargador Paulo Espírito Santo, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), determinou que a ação penal contra Cunha e Solange Almeida fosse remetida para o juiz federal Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, em Curitiba. Agora, com o novo cargo, Solange volta a ter direito a foro e a ação deve permanecer no TRF-2.
Preso em Curitiba desde outubro passado, Cunha já responde a uma ação da Lava-Jato em Curitiba, acusado de receber propina de US$ 1,5 milhão num contrato de compra de área de exploração pela Petrobras em Benin, na África.
A ação relativa às sondas tem como base as delações dos operadores Fernando Soares, o Baiano, e Júlio Camargo na Lava-Jato. Camargo afirmou ter acertado com Baiano, o operador do PMDB, uma propina de US$ 40 milhões para obter contrados para as empresas Samsung Heavy Industries e Mitsui. A propina teria sido destinada a Cunha e ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Na ação, Solange é acusada de ter atuado a mando do ex-deputado para pressionar uma empresa que não estava atendendo os interesses de Eduardo Cunha.