Cotidiano

Na escassez, venezuelanos buscam frutas em árvores para economizar

2016 914599448-201606071224586490_RTS.jpg_20160607.jpgCARACAS – A temporada de mangas na Venezuela traz algum alívio à falta de alimentos que tem forçado os mais pobres a pular refeições e precipitado uma série de saques. A população tem recorrido a frutas tropicais ? como manga, coco e mamão ? a fim de evitar as enormes filas para comprar comida, cada vez mais escassa.

Às crianças que antes jogavam pedras para derrubar as mangas, agora se juntam os trabalhadores durante o horário de almoço.

? Às vezes, quando não tem nada na geladeira, colho mangas ? afirma Juany Iznaga, de 13 anos, cuja família tem pulado algumas refeições desde que a mãe perdeu o emprego na prefeitura de La Fria, pequena cidade a poucos quilômetros da fronteira com a Colômbia. ? Elas ajudam, saciam um pouco.

No país de 30 milhões de habitantes afetado pela crise, as pessoas estão consumindo mais carboidratos e menos proteínas. Muitos dizem que não podem fazer três refeições por dia. Por isso a temporada de mangas é bem-vinda.

? Não dá para jogar nada fora, nem a casca ? conta Iris Garcia, dona de casa de 58 anos.

?É o que temos?

As esquinas se enchem com o comércio informal de frutas recém-colhidas ao mesmo tempo em que a recessão reduz o emprego, e a inflação diminui o poder de compra.

Joshua Moreno, de 19 anos, deixou o trabalho numa fábrica de engarrafamento de água há quatro meses, onde ganhava US$ 7 por hora. Agora vende cocos numa rua de La Fria.

? Este emprego é mais fácil ? diz Moreno. ? O coco nasce sozinho.

Mas as frutas não substituem uma dieta adequada. E os protestos se espalham enquanto os caminhões de abastecimento somem de vista. Há dois dias Adrian Vega come biscoitos e mangas do quintal de sua casa, em Bolívar.

? Pelo visto, vou continuar comendo manga por vários dias. É o que temos ? lamenta o estudante de 23 anos.