RIO – Uma mulher publicou vídeos no Facebook do cerco de policiais que foram a seu apartamento, em Baltimore, nos EUA, para prendê-la junto com o seu namorado. Segundo autoridades, Korryn Gaines, de 23 anos, resistiu à prisão com uma espingarda na mão e seu filho, de 5 anos, no colo. Durante as mais de sete horas de impasse, ela postou filmagens de dentro do imóvel, antes de ter sua conta suspensa pela rede social, que atendeu a um pedido da polícia. Depois de mais de sete horas de tensão, a americana acabou morta durante uma troca de tiros com os agentes de segurança.
Três policiais chegaram ao apartamento de Korryn por volta das 9h20m desta segunda-feira para prendê-la junto com o namorado, Kareem Courtney. Ele era procurado por uma acusação de agressão que ela teria feito meses antes. Já Korryn seria presa por não aparecer no tribunal para responder sobre acusações relativas a um dia em que foi parada no trânsito, multada e discutiu com a polícia.
O relato que se segue foi feito pelas autoridades. Após esperarem por 10 minutos sem resposta, a polícia pegou uma chave da porta com o senhorio do apartamento. Eles abriram a porta e viram Gaines sentada no chão com o filho no colo e apontando uma espingarda calibre 12 para os agentes. Os agentes teriam recuado e pedido reforços. Neste momento, Kareem teria saído do apartamento pelos fundos com a filha do casal, de 1 ano. Ele foi detido pelos policiais.
O cerco ao apartamento durou até por volta das 15h. Gaines postou vídeos no Facebook e no Instagram. Num deles, ela pergunta ao filho quem está lá fora. Ele responde: “A polícia”. Ela pergunta: “E o que eles querem fazer”. Ele responde: “Eles querem nos matar”. Inúmeros amigos dela mandaram mensagens de apoio, dizendo que ela não podia confiar nos agentes e que não devia se entregar. A pedido da polícia de Baltimore, o Facebook, então, suspendeu o perfil da americana.
Segundo a empresa de Mark Zuckerberg, o pedido, feito em caráter de urgência, foi atendido porque envolvia “uma situação com reféns e crianças”, mas a rede social admitiu que não tinha todos os detalhes do caso antes de cumprir a solicitação.
Segundo os agentes, por volta das 15h, Gaines teria dito a um policial na porta da casa: “Se vocês entrarem, eu vou matar vocês”. Um dos agentes teria, então, efetuado um disparo, Gaines teria revidado com dois tiros de sua espingarda, e a polícia disparou outras vezes, matando a mulher. Ainda não está claro qual dos tiros feriu o filho dela. Ele foi internado em um hospital local e passa bem.
A polícia afirma que a arma foi legalmente comprada por Gaines e que tem os documentos para provar a compra, mas ainda não os apresentou
Polícia não deixou mãe falar
Em entrevista ao jornal “The Baltimore Sun”, a mãe de Gaines, Rhonda Dormeus, disse que a filha ignorou os pedidos de seu namorado para que saísse. Ela disse que, ao telefone com a filha, o ouviu gritar “Sai, não vale a pensa”, e então o telefone foi desligado. Rhonda foi ao local, mas a polícia não permitiu que ela falasse com a filha. “Acho que não queriam machuca-la, mas não acho que exauriram todas as possibilidades de negociação”, disse ela ao diário local.
A morte de Gaines está causando polêmica nos EUA não apenas porque ela é a nona mulher negra morta pela polícia este ano, mas também porque a polícia ainda não apresentou provas dos eventos, inclusive supostas gravações, e também devido às críticas anteriores dela à polícia.
Em 11 de março deste ano, Gaines foi parada pela polícia numa rodovia estadual. Foram os incidentes deste dia que levaram a tentativa de prisão dela nesta segunda-feira.
Segundo a polícia, o carro dela estava sem placa, apenas com um cartaz dizendo “Qualquer funcionário do governo que interfirir nesta busca da felicidade e direito de viajar será responsabilizado criminalmente e multado, já que este é um direito natural à liberdade”. Gaines postou imagens da discussão com a polícia nas redes, que seguem no ar.