Cotidiano

Mudanças climáticas ameaçam produção mundial de café

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RIO ? O cafezinho do dia a dia está seriamente ameaçado pelas mudanças climáticas, aponta relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Climate Institute. Por causa do aumento das temperaturas e dos eventos climáticos extremos, a área adequada para a produção deste apreciado grão será reduzida em 50% até 2050 nos cerca de 70 países produtores, incluindo o Brasil, provocando a queda na qualidade e disparada nos preços. Até 2080, a previsão é que o café selvagem, importante fonte genética para os produtores, esteja extinto.

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? Mais de 2,25 bilhões de copos de café são consumidos diariamente ao redor do mundo ? disse John Connor, diretor executivo do Climate Institute. ? No entanto, o café é apenas uma entre a infinidade de coisas cada vez mais ameaçadas pelos impactos negativos do clima.

De acordo com o relatório, existem fortes evidências que as mudanças climáticas, com temperaturas mais altas e alterações nos padrões de chuva, já estão afetando a qualidade, as pragas e doenças, e o rendimento dos campos produtores, o que coloca em risco o modo de vida de 125 milhões de pessoas que dependem diretamente do plantio do café.

No México e na América Central, por exemplo, as temperaturas médias já aumentaram em um grau Celsius desde os anos 1960, e o volume médio de chuvas caiu 15%. Em 2012/13, um fungo se espalhou pelas plantações na região provocando a perda de 2,7 milhões de sacas, avaliadas em US$ 500 milhões. Em 2014, a seca que atingiu o Brasil, maior produtor mundial do grão, provocou perdas de 30% na colheita.

? Sem uma ação incisiva, as áreas adequadas para o cultivo do café serão reduzidas pela metade em poucas décadas ? disse Connor. ? A produção será empurrada para regiões montanhosas e afastadas da linha do Equador, onde vai entrar em conflito com outros usos da terra, incluindo áreas de preservação. Em 2080, o café selvagem poderá ser extinto.

25 MILHÕES DE CAFEICULTORES AMEAÇADOS

O alerta sobre as ameaças das mudanças climáticas já foi dado por companhias compradoras de grandes quantidades do grão, como Starbucks e Lavazza, assim como pela Organização Internacional do Café. Desde a década de 1960, o consumo global de café mais que triplicou, e continua crescendo cerca de 5% ao ano. A indústria movimenta US$ 19 bilhões anualmente.

? Os consumidores enfrentarão escassez do produto, impactos nos sabores e aromas e aumento dos preços ? disse Connor.

Mas a maior preocupação está no impacto sobre a vida dos produtores. Entre 80% e 90% dos cerca de 25 milhões dos cafeicultores, responsáveis pela subsistência de 125 milhões de pessoas, são pequenos produtores, menos capazes de se adaptar às mudanças no clima. Eles estão distribuídos em cerca de 70 países que formam o ?coffee bean belt?, a grande maioria nações pobres ou em desenvolvimento, sendo alguns dependentes da economia do café.

? Existem algumas coisas que nós, bebedores de café, podemos fazer para ajudar ? disse Connor. ? O primeiro passo é aprender sobre essas questões; o segundo é tomar ações reais pela escolha de marcas que neutralizam as emissões de carbono e fornecem retorno justo aos fazendeiros e suas comunidades; o terceiro é exigir ações de companhias cafeeiras e governos para garantir produtos, modelos de negócio e economias livres de carbono.