SÃO PAULO – O Ministério Público de São Paulo denunciou nove agentes políticos, entre eles o atual secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissoni, por improbidade administrativa e por danos morais difusos e coletivos. O promotor Marcelo Milani acusa os envolvidos pela compra de 26 trens para a Linha 5-Lilás do Metrô, que foram adquiridos em 2011 mas nunca entraram em circulação devido aos atrasos na obra da linha. Ao todo, o MP pede que os acusados paguem R$ 799 milhões.
Além de Pelissoni, foram denunciados o ex-secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes; o atual presidente do Metrô, Paulo Menezes Figueiredos; quatro ex-presidentes da companhia, Sérgio Avelleda, Jorge Fagali, Peter Walker, Luiz Antônio Carvalho Pacheco; o ex-diretor do Metrô Laércio Biazotti e o ex-gerente David Turbuk.
Segundo a investigação, 16 trens estão parados em três pátios do Metrô: Jabaquara, Capão Redondo e Guido Caloi. Os o outros dez nunca saíram da fábrica da CAF, empresa fabricante, em Hortolândia, no interior. Segundo o promotor, o primeiro tem foi recebido em outubro de 2013, com garantia de 2 anos, já expirada. No mesmo ano, o Metrô assinou com a CAF um contrato de comodato para que a empresa armazenasse as composições. O contrato, de acordo com o promotor, venceu em dezembro de 2015 e a empresa pode cobrar aluguel do Metrô.
? Foi uma má gestão, no mínimo. Aquilo é uma vergonha ? disse o promotor.
Para o promotor Milani, são agravantes o fato de que a compra ocorreu em 2011, quando a obra estava paralisada devido a denúncias em relação à sua licitação. Além disso, os trens comprados não podem fazer integração com outras linhas porque suas bitolas (distância entre os trilhos) são menores do que o utilizado em outras linhas e inclusive na extensão da Linha 5 já em funcionamento, que teria que ser adaptada.
Os próprios trens também teriam que passar por manutenção porque seus sistemas eletrônicos já estão desatualizados em relação aos utilizados pelo Metrô, afirmou o promotor. A previsão do governo para o término das obras é para 2018.
A CAF informou que não comenta contratos em andamento ?em razão das cláusulas de confidencialidade?. Procurados, a Secretaria de Transportes Metropolitanos e o Metrô ainda não se posicionaram.
(*Estagiário, sob a supervisão de Flávio Freire)