Cotidiano

Movimentos de sociais rejeitam proposta de plebiscito

SÃO PAULO ? Os movimentos sociais refutaram a hipótese de um plebiscito lançada pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Eles afirmam que foram pegos de surpresa e classificaram a alternativa de ?inadequada?. A possibilidade aventada pela presidente em entrevista à TV Brasil na quinta-feira também não ganhou ecos na Avenida Paulista, onde é realizado nesta sexta-feira à noite um ato a favor de seu governo e contra o presidente interino Michel Temer (PMDB).

? Achamos que antecipar as eleições seria uma renúncia para a presidente Dilma. A expectativa é de que o Senado não aprove o impeachment, e ela volte com uma política econômica que possa manter os programas sociais ? disse Raimundo Bonfim, coordenador-geral da Central de Movimentos Populares (CMP).

Bonfim, que também é membro da coordenação nacional da Frente Brasil Popular, minimizou a ausência de Dilma num ato em defesa de seu próprio governo.

? Temos uma preocupação com a segurança (de Dilma). Ela tem ido nos atos menores da Frente Brasil Popular – disse Bonfim, para justificar a ausência da presidente

Na entrevista, Dilma afirmou que, ?querendo ou não?, a população terá de ser consultada caso ela retorne à Presidência da República ao fim do processo de impeachment no Senado. Sem dar detalhes, a presidente afastada lançou a proposta de um plebiscito para se decidir os rumos do mandato. O GLOBO mostrou no último dia 2 que Dilma já aceitou uma proposta de petistas de convocar um plebiscito para consultar a sociedade sobre a antecipação das eleições presidenciais.

Emissários de Dilma no Senado, como a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura, já fazem consultas a parlamentares sobre a hipótese de fazer o plebiscito junto com as eleições municipais, a respeito da interrupção do mandato e da convocação de novas eleições em 90 dias. A ideia é, com isso, virar votos no impeachment.

? Rompeu-se um pacto, existente desde a Constituição de 1988. Tem de remontar esse pacto, e ele não será remontado dentro do gabinete. A população, querendo ou não, terá de ser consultada ? disse Dilma na entrevista ao jornalista Luis Nassif.

Dilma afirmou que, se sobreviver ao impeachment, continuará com minoria na Câmara e no Senado e com o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ?dando as cartas como dá?.

? Só tem um jeito, diante da contradição: recorrer à população. O plebiscito é uma coisa muito discutida.