Cotidiano

Moro determina bloqueio de R$ 10 milhões em contas de Mantega e mais sete

SÃO PAULO. O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de até R$ 10 milhões em ativos mantidos contas e investimentos bancários do ex-ministro Guido Mantega e de outros sete envolvidos nas investigações da 34ª Fase da Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira pela Polícia Federal. Mantega teve prisão temporária decretada. O juiz ressalta que, além de Ministro da Fazenda, Mantega foi presidente do conselho de administração da Petrobras entre março de 2010 e março de 2015.

Segundo despacho do Moro, Eike Batista relatou em depoimento, em maio passado, ter recebido um pedido de Mantega, em novembro de 2012, um pedido para repassar recursos para pagamento de dívidas de campanha do PT. O empresário diz aque concordou e ordenou que executivos do grupo fizessem o repasse. Em seguida, o Grupo OSX teria sido procurado por Mônica Moura, mulher do publicitário João Santana

Para encobrir o pagamento, foi feito um contrato fictício de prestação de serviços de marketing entre uma offshore do empresário, a Golden Rock Foundation com a Polis Caribe, no valor de US$ 2,3 milhões. Teria ocorrido problema no pagamento e, para resolver, foi feito um novo contrato, desta vez com a Shellbill Finance, no mesmo valor e a transferência foi enfim realizada.

Moro afirma que o encontro entre Eike e Mantega ocorreu em 1 de novembro de 2012 e foi registrado na agenda pública do então ministro da Fazenda. Eike Batista entregou também os contratos feitos entre a Golden Rock, Polis Caribe e Shellbil, que são assinados por Mônica Regina Cunha Moura.

O MPF identificou ainda diversas ligações telefônicas entre as empresas de João Santana e terminais do alto escalão do Ministério da Fazenda, como os vinculados ao assessor especial e ao chefe de gabinete do minitro.

Moro ressalta que há ligações inclusive no mesmo dia do encontro entre Eike e Mantega.

Santana e Mônica Moura são réus em duas ações penais por corrupção passiva ae lavagem de dinheiro, acusados de terem recebido dinheiro de propina do Grupo Keppel Fels e da empreiteira Odebrecht, fornecedores da Petrobrás. A conta usada também foi a Shellbill Finance. Na primeira ação penal, os dois foram interrogados e declararam que se tratava de recursos recebidos a pedido do PT para quitar dívidas de campanha. O operador Zwi Skornicki, do Keppel Fels, disse que o valor correspondia a acertos de propina da Petrobras com João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido.

Os outros sete envolvidos que foram alvo de bloqueio de bens são: Luiz Claudio Machado Ribeiro, Ruben Maciel da Costa Val, Danilo Souza Baptista, Luiz Eduardo Carneiro, Luiz Eduardo Neto Tachard, Júlio Cesar Oliveira Silva e Francisco Corrales Kindelán.