PARATY Histórias policiais, fantásticas, de terror e ficção-científica foram o mote da mesa Fantasia à brasileira, que abriu as atividades do Centro Cultural Sesc Paraty nesta quinta-feira. Mediada pelo jornalista Rodrigo Casarin, o evento da programação paralela da Flip promoveu o encontro entre o escritor paulista André Vianco e o autor, roteirista, compositor e pesquisador paraibano Bráulio Tavares.
Autor de romances como Os sete e Vampiro rei, Vianco, que já vendeu mais de um milhão de livros, revelou toda a sua vasta gama de influências.
Meus mestres foram Victor Hugo, pelo ritmo folhetinesco, e Henry James, pela sutileza da escrita, além de séries dos anos 1980, como SWAT, Esquadrão classe A e McGyver contou Vianco.
Para lançar seu primeiro trabalho, em 2000, o escritor precisou usar todo o dinheiro de seu fundo de garantia após receber seguidos nãos de editoras.
Cheguei a ouvir que que o público brasileiro não gostava de ler fantasia escrita por brasileiros. Meus primeiros parceiros foram os livreiros, que abriram sua portas quando eu cheguei com Os sete disse o romancista, que se prepara para lançar novos projetos pela Rocco e pela Aleph.
Tavares acredita que a boa literatura extrapola qualquer suposta divisão hierárquica entre gêneros:
A arte narrativa é transversal, ela passa por todas as vertentes de linguagem. Há aqueles que pegam o banal e o transformam em algo transcendental, como o Machado de Assis. E existem outros que criam tramas mirabolantes e espetaculares, como o Conan Doyle afirmou.
A MORTE DE UMA BELA MULHER
Segundo o escritor paraibano, todos são escritores em potencial, com potencialidade para criar algo particular e ímpar.
Cada um tem um universo próprio, repleto de sabedorias e ignorâncias únicas. Partindo do princípio de que toda boa trama investigativa vinha do tema a morte de uma bela mulher, o Edgar Allan Poe criou o romance policial, por exemplo. A fantasia desenvolve o senso de maravilhamento comentou Tavares.
Outro tópico debatido foi a qualidade das séries de TV, como Game of thronesque, de acordo com Vianco, está acima do que é feito atualmente no cinema americano.
Hollywood está estagnada. A nova geração não tem mais o costume de ir ao cinema, por isso tantas franquias blockbusters de heróis analisou.
Seu colega de mesa concordou com a opinião de Vianco.
Os melhores roteiristas se cansaram do marasmo do cinema e migraram para as séries. Adoro Breaking bad e Downton Abbey. Agora mesmo, estou aqui em Paraty, mas angustiado pensando se o Benedict Cumberbatch vai conseguir resolver o mistério da temporada de Sherlock que eu estou vendo disse Tavares. É um grande momento para quem gosta de escrever e consumir boas histórias.