SÃO PAULO – A chamada produção ilícita, que inclui contrabando, pirataria roubos e furtos, gerou uma perda de R$ 13,26 bilhões à indústria paulista no ano passado. O número é mais que o dobro dos R$ 6,7 bilhões de 2010. Os dados são de nova pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgada nesta sexta-feira.
No total, nove setores foram analisados. Segundo o material, com essa perda, 111.598 empregos deixaram de ser gerados e R$ 2,81 bilhões em impostos deixaram de ser arrecadados.
? Essa é a economia criminal. Todo mundo perde com essa produção ilícita: a indústria, o trabalhador, o governo ? disse Ricardo Lerner, diretor do Departamento de Segurança da Fiesp.
O estudo vai ser encaminhado para o governo do estado de São Paulo e ao Ministério da Justiça.
A vulnerabilidade das fronteiras, o aumento da violência no estado e a alta carga tributária, que privilegia o produto contrabandeado, são os fatores apontados por Lerner para justificar o tamanho do mercado ilícito.
? É barato cometer crime no Brasil. Não há punição. Produtos ilegais são vendidos em barracas a céu aberto e nada é feito ? criticou.
Dentre os setores analisados, o automotivo, o de eletrônicos e o de tabaco são os mais impactados pela produção ilícita.
No automotivo, que sofre sobretudo com o roubo de carros e a venda das peças, a perda em 2015 foi de R$ 3,49 bilhões. Em eletrônicos, afetado pelo roubo de cargas, a subtração nos resultados chegou a R$ 1,47 bilhão. O segmento de tabaco, abalado pelo contrabando de cigarros oriundo do Paraguai, a perda foi de R$ 4,25 bilhões no ano passado.
? O mercado ilícito é como um polvo no qual a cabeça são as drogas e armas e os tentáculos são o contrabando, a pirataria, roubos, furtos e outros tipos de crime ? ilustrou Lerner.
A entidade usou dados oficiais da Receita Federal e da Polícia para chegar ao tamanho do mercado ilícito.
Paralelamente ao levantamento feito com os dados oficiais, a Fiesp entrevistou 345 industriais associados. Do total, 46,7% afirmaram que já foram vítimas de algum tipo de crime e 23,8% disseram que esses crimes ocorreram durante o transporte de carga. O material mostra também que 28,3% das empresas desistiram de ações empreendedoras por causa do impacto da violência em seu negócio.