RIO ? Para quem tem câncer de mama, a terapia de conservação da mama (BCT, na sigla em inglês) tem, por diversas vezes, resultados superiores aos da mastectomia, que consiste na retirada completa do seio. links câncer de mama Esta é a conclusão do maior estudo feito até agora sobre o assunto, apresentado no Congresso Europeu de Câncer 2017, na última segunda-feira, 30.
A terapia de conservação da mama inclui uma cirurgia para retirar o tumor mantendo a mama, somada a sessões de radioterapia. A pesquisa analisou dados de quase 130 mil pacientes com a doença, diagnosticados entre 1999 e 2012.
O principal resultado do estudo é que é mais indicado realizar a terapia do que retirar por completo o seio na maioria dos casos em que os pacientes têm mais de 50 anos de idade, não têm metástase ? quando células tumorais entram na corrente sanguínea e se alojam em outro órgão, fazendo o câncer se espalhar ?, ainda não passaram por quimioterapia e têm comorbidade, quando se tem duas ou mais doenças ao mesmo tempo. Nessas situações, o índice de sobrevivência do paciente dez anos após a terapia foi ou igual ou mais alto do que o dos que fizeram mastectomia.
? Embora este estudo seja baseado em dados retrospectivos, e, portanto, fatores de confusão residual não podem ser descartados completamente, acreditamos que esta informação terá o potencial de melhorar muito o tratamento de futuros pacientes com câncer de mama e o processo de tomada de decisão deles sobre qual tratamento é melhor deguir. Especialmente aqueles com idade superior a 50 anos e com comorbidade ? diz a autora principal do estudo, Sabine Siesling, da organização holandesa Comprehensive Cancer e do Departamento de Oncologia Cirúrgica do Instituto do Câncer Erasmus, em Roterdam, na Holanda.
MASTECTOMIA AINDA É BOA OPÇÃO EM MUITOS CASOS
A pesquisadora ressalta que os resultados de seu trabalho não significam que a mastectomia seja uma má escolha. E sim que outro tipo de tratamento, menos radical e invasivo, pode ser tão bom quanto ou ainda melhor para alguns perfis de pacientes.
? Pessoas para quem a radioterapia não é adequada ou viável devido a circunstâncias sociais têm na mastectomia uma saída eficiente. Isso também acontece com pacientes para quem o risco dos efeitos colaterais tardios da radioterapia é elevado, ou para quem tem a perspectiva de um mau resultado estético após a terapia de conservação da mama. Nesses casos, uma mastectomia pode ainda ser a opção de tratamento preferível ? destaca a holandesa Sabine. ? O que o nosso estudo mostrou foi que o BCT é pelo menos tão bom quanto a mastectomia, e que alguns pacientes podem se beneficiar mais desse tipo de tratamento no futuro.
Cada caso precisa ser avaliado individualmente com um médico especialista, para que paciente e médico se decidam pelo tratamento mais eficaz, seguro e que proporcione mais qualidade de vida.