Pesquisas profissionais apontam que mais de 73% dos brasileiros compram aos domingos, evento que se tornou hábito das famílias, em busca de compras com segurança, associadas a praças de alimentação, estacionamento, lazer, diversão e arte, proporcionados, principalmente, pelos shopping centers.
O domingo é, em média, o terceiro melhor dia de faturamento na semana para os shopping centers, correspondendo a 14% das vendas semanais, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Os números brasileiros encontram similaridade em países como os Estados Unidos, a Inglaterra e outros do mundo desenvolvido.
Por isso, soam estranhas, para o Sistema Confederativo do Comércio, notícias que dão conta de iniciativas e projetos, nas câmaras legislativas de alguns municípios brasileiros, na contramão do consagrado hábito de compra dos consumidores aos domingos. É retrocesso inimaginável cerrar as portas dos shoppings aos sábados, domingos e feriados, seja em períodos de plena estabilidade e crescimento econômico, seja principalmente em momentos de recessão econômica e adversidade social, como a atual.
A liberdade para o exercício da atividade comercial, incluindo o trabalho aos domingos e feriados, é conquista a ser preservada. E ela decorre da evolução natural das sociedades: empresas, cidadãos, trabalhadores, enfim, é causa e consequência do avanço e da modernidade social.
O comerciante, de shopping ou não, se localiza onde estão o desejo e a conveniência do consumidor. E ninguém melhor que ele para saber ? instintiva ou profissionalmente ? quais são os anseios daqueles que são a razão de sua existência. É da índole do comércio saber auscultar a vontade do consumidor.
Além disso, há leis apropriadas que preservam as competências dos entes federativos municipais e asseguram a preservação integral dos direitos dos trabalhadores, além de assegurar aos mesmos ganhos adicionais expressivos.
É inequívoco que iniciativas contrárias à realidade comercial brasileira, em se tratando de funcionamento das estruturas comerciais, não encontram apoio sequer dos trabalhadores, em função do histórico de ganhos e estabilidade, e menos ainda dos consumidores.
Nada mais convincente do que a realidade e, mais uma vez, os shoppings apresentam números que impressionam pela magnitude: quase cem mil lojas, um milhão de empregos diretos, circulação de 444 milhões de pessoas por mês. Enfim, o que era novidade há 30 anos, hoje, com a crescente urbanização e a comodidade do ambiente de compra, é indiscutível realidade que responde por quase um quinto do comércio varejista e mais de R$ 24 bilhões de impostos arrecadados em 2015.
No Brasil, sobretudo na atual conjuntura econômica, deve ser rejeitada qualquer proposta voltada para a proibição de atividades geradoras de emprego e renda aos domingos e feriados. Seria um injustificável retorno ao passado.
Antonio Oliveira Santos é presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo