Quando vemos a cena linda das mamães amamentando, parece simples, natural, um talento que nasce com as mulheres. Mas nem sempre é assim. Amamentar sem orientação, além de trazer insegurança, pode sim trazer complicações, como fissuras, dores, e por consequência muitas mães desistem desse processo. Na Semana Mundial do Aleitamento Materno, do dia 1 a 7 de agosto, o HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), ressalta a importância da amamentação. Na Ala da Maternidade, as mães contam com uma enfermeira exclusiva, que realiza a consultoria sobre o assunto. O trabalho, dedicado em orientar e tirar dúvidas, tem como consequência até mesmo a diminuição do tempo de internamento. “Tínhamos muitas altas que eram retardadas em razão da dificuldade do aleitamento materno, que não ia bem. A nossa função é prepará-la, trabalhar o psicológico, o empoderamento, para que ela possa ir para casa com segurança de que vai conseguir amamentar e do quanto isso é importante”, explica a enfermeira consultora em amamentação, Jociani Fátima Castro.
O trabalho de orientar não tem um tempo específico, e é contínuo até que a mãe se sinta à vontade. “É necessário conversar, acolher a mãe que tem dificuldade, que não sabe como segurar, que é mãe de primeira viagem. A hora que nasce uma criança, nasce uma mãe também e precisamos dar atenção para ela. As orientações chegam a demorar duas horas ou mais. É o tempo que ela precisa para que se sinta bem”, diz Jociani. “Percebemos que com essas conversas elas estão mais calmas, e isso tem facilitado, pois sabemos que muitas vezes a dificuldade pode estar associada à uma questão psicológica”, complementa a coordenadora da Ala da Maternidade e do Banco de Leite Humano, Roseli Maria Gaspar.
De acordo com a diretora de Enfermagem do HUOP, Sara Treccossi, o objetivo de orientar também é acolher e humanizar o atendimento. “Quem passou pela experiência da amamentação sabe que não é fácil, e que sem a orientação essas crianças poderiam perder o aleitamento materno, o que é um retrocesso. Para isso, ter alguém que escute essas mães sem julgá-las, é essencial”, comenta.
RECÉM-NASCIDOS SÃO AMAMENTADOS DESDE A PRIMEIRA HORA DE VIDA
As orientações começam ainda antes da Ala da Maternidade. É no Centro Obstétrico, na primeira hora de vida do recém-nascido, que as mães já são orientadas e iniciam a amamentação. Nesse primeiro momento pós-parto, o leite materno, chamado de colostro, é essencial, tendo em vista a riqueza de nutrientes. “Ele é rico em fatores de imunidade e é importante que a criança seja amamentada nessa primeira hora. A orientação também é o fator determinante para que não haja uma ‘pegada’ errada, cause uma fissura, que podem causar essa dificuldade posterior também”, diz a coordenadora de enfermagem do Centro Obstétrico, Nagmara Engel.
LEITE MATERNO DEVE SER EXCLUSIVO ATÉ SEIS MESES
Entre as dúvidas que mais surgem é com relação à quantidade do leite oferecido. “Não existe pouco leite. Ele é produzido na quantidade que o bebê precisa e deve ser exclusivo até os seis meses. A suplementação de outros leites e chás é perigoso, faz uma sobrecarga renal e por isso é necessária essa orientação”, enfatiza Nagmara. “É importante que elas saibam que o leite delas tem toda a imunidade necessária para o bebê, que o industrializado, por exemplo, não tem. E é em razão disso, que precisamos orientar sobre o quanto isso é importante, e fazer com que esse processo se torne mais fácil para que elas não desistam da amamentação”, diz Roseli.
O HUOP é credenciado como Hospital Amigo da Criança. Boa parte das orientações também são voltadas ao perigo do uso de chupetas e mamadeiras, materiais que são proibidos na instituição.
MÃES SÃO ORIENTADAS A SE TORNARAM DOADORAS DE LEITE HUMANO
Uma das consequências das orientações foi o maior fluxo de mães no Banco de Leite Humano. São cerca de 280 litros de leite humano pasteurizados por mês no hospital, que são destinados para bebês internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal, UCI (Unidade de Cuidados Intermediários), do Huop e outros hospitais de Cascavel e região. A Raíssa Mariano de Souza, mãe do Miguel Felipe Mariano de Souza, recebeu as orientações logo após o parto, na Ala da Maternidade. Além de ter conseguido amamentar com facilidade, já recebeu o frasco para poder doar também. “Descobri que tinha muito leite, e então decidi doar, e ajudar outras crianças”, diz. “Foi muito bom esse contato que tive aqui, pois a gente acha que é fácil amamentar, mas não é. Se não fosse elas me orientarem eu não sei como seria”, comenta Raíssa.
O Banco de Leite Humano também presta serviço assistencial para as mães que sentem dificuldade na amamentação. “Elas ainda podem continuar o acompanhamento, e outras mães que também sentem dificuldades podem procurar o atendimento no Banco de Leite, para que possam amamentar com segurança”, afirma Roseli.
Já quem quiser ser doadora pode entrar em contato com o Banco de Leite através do telefone (45) 3321-5243 e realizar o cadastro. Todas as mães que estiverem saudáveis e com os exames de pré-natal em dia podem ser doadoras. Estas recebem o frasco e realizam a coleta do leite no domicílio.