Cotidiano

Lollapalooza 2017: Metallica se renova e foge da dinossaurização em show redondo

SÃO PAULO ? O Lollapalooza viu um Metallica diferente daquele que veio ao Brasil nos últimos anos. A banda de heavy metal da Bay Area de São Francisco ? como lembrou Lars Frederiksen, do Rancid, ao homenageá-la durante seu show ?, antes de mais nada, sabia que não estava em um festival ou mesmo uma noite destinada a seu gênero no palco principal montado no Autódromo de Interlagos.

? Não me importa de onde vocês vieram ou quem vieram ver ? disse, logo no início do show, o cantor e guitarrista James Hetfield, talvez não acreditando que a grande maioria do público estivesse lá para ver sua banda mesmo. ? Estamos felizes por estarem conosco, fazendo parte da família Metallica.

SAIBA MAIS: Metallica, The xx e Rancid fizeram o sábado valer a pena

James ? cuja camisa trazia no bolso a inscrição “Pop Het”, ou “Papai Het” ? estendeu os braços tatuados aos fãs de outros artistas, mas não foi isso que fez a diferença. O que mudou no Metallica que veio ao Brasil em 2010, 2011, 2013, 2014 e 2015 foi “Hardwired… To self-destruct”, disco que o quarteto lançou em 2016 com ampla aclamação.

Das habituais músicas do início do show, apenas o clássico “For whom the bell tolls” estava lá. Em vez de outras antigas, como “Creeping death”, o Metallica começou com duas novas, “Hardwired” e “Atlas, rise!”. Ao voltar pela primeira vez a seu disco de estreia, “Kill’em all” (1983), com “Whiplash” (que Hetfield dedicou ao Rancid, devolvendo a gentileza), o Metallica chegava à décima música com cinco do novo disco já executadas.

Além das mencionadas, vieram “Now that we’re dead”, “Moth into flame” e “Halo on fire”. “Quem aqui já viu o Metallica antes?”, fez a habitual pergunta Hetfield, para depois concluir que cerca da metade dos presentes ia a um show da banda pela primeira vez. Gente que, no sábado, não ouviu “Ride the lightning”, “King Nothing”, “…And justice for all…” e outras figurinhas fáceis no setlist recente, e que possivelmente terá vontade de vê-los de novo, talvez em busca de umas velharias.

A partir da segunda metade, o show mergulhou mais no passado, com “One”, “Fade to black” (outra balada, meninos?), “Master of puppets”, “Sad but true”… Cada uma era saudada com urros, pois logo o público entendeu que não seriam tantas.

? Vamos tocar material antigo, estamos velhos ? disse Hetfield, ao lado do grisalho e bronzeado Kirk Hammett, do carequinha Lars Ulrich (bateria, com um gorro escondendo a pouca telha) e do monstro Robert Trujillo, um destaque com o som de trovão do contrabaixo.

O bis ? o show, de festival, ficou em duas horas; a banda costuma tocar mais ? teve, para arredondar, “Battery”, “Nothing else matters” e “Enter Sandman”. Fogos e aplausos saudaram um Metallica renovado, em excelente forma aos 36 anos de carreira. Nada como um disco novo.

Cotação: Ótimo