BRASÍLIA ? Em almoço de líderes com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta segunda-feira, deputados concordaram que não há mais “clima político” para adiar a sessão de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) caso ele renuncie ao mandato, como querem seus aliados. Caso o peemedebista faça esse gesto, ele poderia conseguir, num acordo com líderes partidários, o adiamento da sessão por tempo indeterminado, período pelo qual ele manteria o foro privilegiado, escapando temporariamente das mãos do juiz Sérgio Moro.
CunhaA avaliação dos parlamentares que se reuniram na residência oficial do presidente da Casa nesta tarde é de que Cunha “perdeu o timing”, já que acreditam que haverá quórum alto, com mais de 400 deputados presentes, e que, por isso, a chance de adiar a sessão em caso de renúncia é mínima.
? Não há mais clima para adiar a sessão, não haverá adiamento. Se ele pensa ou pensou em renunciar para adiar, perdeu o timing. Acho até que ele poderia ter tido algum sucesso se tivesse renunciado na semana passada, mas agora os deputados já estão em Brasília ? disse o deputado Pauderney Avelino (AM), líder do DEM na Câmara.
Além de Avelino, almoçaram com Maia os líderes do PSDB, Antônio Imbassahy (BA), do PPS, Rubens Bueno (PR), da Rede, Alessandro Molon (RJ), do PR, Aelton Freitas (MG), e do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), líder que esteve com Cunha ontem, junto com aliados da tropa de choque para traçar estratégias, como informou mais cedo o colunista do GLOBO Lauro Jardim.
Mas, segundo relatos, até o líder do PP concordou que não há condições de adiar a sessão marcada para a noite desta segunda.
No almoço, líderes também fizeram prognósticos sobre votos de suas bancadas. O líder do PR, legenda do centrão, afirmou no encontro que 90% da bancada votará a favor da cassação de Cunha, mas que ele não deverá votar. No PP, legenda mais próxima do deputado afastado, haverá ausências e abstenções, mas um grupo votará contra Cunha.
Os deputados também concordaram em evitar tumultos durante a sessão. Foi pedido a Alessandro Molon que tente um acordo com o PT e os demais partidos da oposição para que não acirrem os ânimos e evitem xingamentos e críticas ácidas, o que, em última instância, pode beneficiar Cunha e seus aliados.
? Vamos tentar evitar tumulto durante a sessão, inclusive com a atual oposição, que é muito aguerrida nesse caso do Cunha. Queremos evitar tumulto e um grande embate regimental, para que a sessão não se prolongue demais ? disse o líder do DEM.