Foz do Iguaçu – As operações aduaneiras em 2017 realizadas na tríplice fronteira, seja no Porto Seco, na Ponte da Amizade (Paraguai) e na Ponte Tancredo Neves (Argentina), movimentaram entre importação e exportação US$ 6,6 bilhões, convertendo em reais, o montante é de R$ 21,7 bilhões.
Somente os procedimentos envolvendo as exportações cresceram 44,13% em comparação com o mesmo período de 2016, que fechou com US$ 2,7 bilhões. Mas há uma explicação plausível para essa diferença.
O chefe do Porto Seco em Foz do Iguaçu, Gilson Mocelin, cita que a Lei de Maquila, criada pelo governo paraguaio para incentivar a atração de empresas e indústrias, é a grande responsável pelo resultado. “O Paraguai é um país que vive uma expansão econômica meteórica e precisa de matéria-prima para atender o novo polo industrial”, explica. “Tudo isso é necessário para fazer frente ao elevado consumo tanto no agronegócio para nos demais gêneros alimentícios, de bebidas e também papel”.
E as perspectivas para este ano são ainda mais animadoras, com esses números podendo ser facilitando superados, na ótica de Mocelin.
A Lei de Maquila do Paraguai prevê isenção de impostos para importar maquinários e matéria-prima. Quando a mercadoria manufaturada deixa o país, o imposto incidente corresponde a 1% sobre o valor da fatura de exportação.
Pauta de exportação
No ranking dos produtos exportados na fronteira, a primeira colocação ficou para adubos e fertilizantes, respondendo por 11% das movimentações aduaneiras totalizando uma movimentação financeira de R$ 565 milhões, seguidos por máquinas e implementos agrícolas e na terceira posição, a celulose para papéis e cartões. Em menos escala, outros itens exportados foram plástico, veículos, ferro, cerâmicas, tintas, entre outros. “O Paraguai representa 80% das exportações brasileiras, à frente da Argentina e Chile”, comentou Mocelin.
Importações
Em contrapartida, as importações apresentaram uma queda de 8,02%. O ranking das importações evidencia os cereais no topo respondendo por 22% das operações, com movimentação de US$ 3,3 bilhões.
Na sequência, a região importou produtos da indústria de moagem e hortícolas, plantas e raízes.
A queda na importação ano passado ocorreu por conta do reflexo de 2016 de uma supersafra experimentada pelo Paraguai, tanto em relação ao milho como na soja, coincidindo com a quebra na safra brasileira, tornando 2016 um ano forte para a importação do Paraguai. “O Brasil se obrigou a importar o insumo do Paraguai”, salientou Mocelin.
Greve dos auditores fiscais
A greve deflagrada pelos auditores fiscais da Receita Federal em novembro do ano passado ainda permanece, mesmo que de forma tímida. Os servidores ainda estão negociando e aguardando do governo federal o cumprimento de um acordo estabelecido com a categoria ainda em 2016.
Os meses de novembro e dezembro foram conturbados na Estação Aduaneira do Interior por ser uma época de elevada demanda no comércio por conta do fim de ano, especialmente por causa do Natal. “Mas agora, a situação em relação ao trânsito no Porto Seco já está um pouco normalizada”, afirma o chefe do Porto Seco em Foz do Iguaçu, Gilson Mocelin.
Os efeitos da greve, conforme ele, voltarão a ser sentidos este mês, com o aumento da movimentação de cargas no pátio da Eadi: “Para março, inclusive, estamos articulando nova paralisação”.
Caminhões
A Estação Aduaneira do Interior de Foz do Iguaçu é uma das mais movimentadas do interior do Paraná. O fluxo de caminhões com mercadorias para importação e exportação é constante no pátio do Porto Seco e nas aduanas localizadas nas divisas com o Paraguai, na Ponte da Amizade e na Argentina, na Ponte Tancredo Neves. Contudo, o fluxo de caminhões nesses locais teve uma queda de 14,9% em 2017 comparando com o mesmo período de 2016, segundo a Delegacia da Receita Federal de Foz.
A circulação de caminhões foi de 155.126 ano passado, contra 182.326 registrados em 2016.
Com relação à importação de mercadorias, a maioria dos caminhões era procedente da Argentina, com 35.813 caminhões, contra 20.669 do Paraguai. Já volume de caminhões para as operações noturnas de importação do Paraguai somaram 28.906 veículos pesados.
Em novembro do ano passado, o Porto Seco de Foz do Iguaçu enfrentou uma situação atípica, com a paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal, provocando um verdadeiro caos e enormes filas de caminhões às margens da BR-277 e aglomerações em estacionamentos de postos de combustível. Na época, o prejuízo estimado em dois meses paralisação chegou a US$ 500 milhões.