Palotina – Com 100% das lavouras de soja semeadas na região, a preocupação dos agricultores se mantém nas condições do tempo. Pelo terceiro dia consecutivo sem chuva, muitos produtores acompanhados por técnicos fazem varreduras nas plantações para detectar as áreas que sofreram danos, as que precisarão ser replantadas ou onde o aconselhamento é nem semear novamente, já que existem inúmeros casos em que a enxurrada levou cultivos inteiros da soja e, com alta compactação e baixa conservação do solo, cultivar novamente seria um risco iminente diante de uma nova chuva que se aproxima, já neste fim de semana.
Esse é o caso do produtor de Palotina Olavo Doltti. Parte dos 50 alqueires com soja ficou debaixo da água e foi carregada pela correnteza. Resultado disso? Replantio em um trecho e mudança de cultivo em outro. “Vamos plantar e torcer para que a próxima chuva não seja tão forte e leve tudo embora novamente”, destaca.
Segundo o técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) no Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel José Pértille, ainda não se pode falar em percentuais de perdas porque essa análise mais específica não foi feita, mas a previsão inicial de produção, que para todo o oeste beirava as 4 milhões de toneladas da oleaginosa, não deverão se cumprir. “As lavouras sofreram muito com essa chuva toda. A média na região foi de 700 milímetros somente no mês passado, enquanto a média histórica era de 170 até 200 milímetros, ou seja, choveu quase quatro vezes mais, confirmando as previsões de que as precipitações seriam bem acima da média histórica no Estado. Mas para saber a real situação da sua lavoura o aconselhado pelo Deral é que os produtores procurem os departamentos técnicos. “Caberá a eles orientar o melhor a fazer”, reforça Pértille.
Entre os municípios com lavouras bastante afetadas estão Ramilândia, Missal, Toledo e Diamante D’Oeste. “Infelizmente mais uma vez o maior prejudicado é o produtor, que vai ter que arcar com um custo ainda maior de produção”, reforça.
Em toda a região, considerando os 28 municípios do Núcleo de Cascavel e outros 20 em Toledo, foram destinados à oleaginosa cerca de 1 milhão de hectares.
Feijão em estado de risco
Entre as lavouras em desenvolvimento mais suscetíveis ao excesso de chuva estão as de feijão. São apenas 4,1 mil hectares destinados à cultura na região, de onde se espera colher algo em torno de 9 mil toneladas.
Segundo o técnico José Pértille, o excesso de umidade coloca em risco toda a área cultivada, pois deixa o ambiente muito propicio às doenças fúngicas que podem dizimar lavouras inteiras. “Esse caso acaba sendo similar ao da soja. Ainda não se tem como dimensionar as perdas. No caso específico do feijão, isso só poderá ser medido de fato no momento da colheita, em dezembro”.
Neste momento, 10% da área está em floração e 90% em desenvolvimento vegetativo. “Apesar de ser chamado feijão das águas, este feijão gosta mesmo de água em três situações: no plantio, na florada e na panela. Passou disso é excesso de umidade e pode prejudicar”, reforçou Pértille.
Previsão do tempo
O tempo firme dos últimos três dias já deve se despedir nesta sexta-feira. De acordo com o Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), pode chover forte durante todo o fim de semana e início da semana que vem e as temperaturas seguem não muito altas nestes dias, o que também prejudica o desenvolvimento de lavouras, como as de soja. De sábado até segunda-feira os termômetros vão oscilar dos 14ºC aos 28ºC. Hoje e amanhã, quando ainda deve fazer sol, as temperaturas seguem elevadas, variando de 20ºC a 32ºC.