SÃO PAULO. A acusação de pagar propina ao vice-presidente da Caixa Econômica Fábio Cleto para obter voto favorável no Comitê de Investimentos do FI-FGTS não é a primeira contra o Grupo J&F, dono das marcas Friboi, JBS e Eldorado, na Lava-Jato.
A empresa foi citada pela mulher do marqueteiro João Santana, Monica Moura, durante negociação para fechar acordo de delação premiada, há cerca de dois meses, conforme revelou O GLOBO em maio.
De acordo com a empresária, a JBS pagou caixa 2 à campanha pela reeleição de Dilma Rousseff em 2014, pagando diretamente à empresa uma dívida do PT com a gráfica Focal Confecção e Comunicação Visual, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Este pagamento não está declarado à Justiça Eleitoral.
O GLOBO apurou que a Focal emitiu notas fiscais de serviços para a JBS, mas nunca imprimiu peça ou fez serviços para a empresa, maior processadora de proteína animal do mundo, que tem BNDES e Caixa como sócios, com 27% do capital. As notas emitidas para os pagamentos foram entregues pessoalmente na sede da JBS, em SP, por funcionários de Cortegoso.
A JBS negou oficialmente ter realizado os pagamentos e disse considerar a denúncia infundada e realizada de forma irresponsável, agredindo sua imagem, marcas e reputação.
A Focal é a segunda maior fornecedora da campanha de Dilma e Michel Temer, em 2014, e pertence ao empresário Carlos Cortegoso, que presta serviços ao PT desde os anos 90. Localizado pelo GLOBO, o dono da Focal, Carlos Cortegoso, disse ter prestado serviços para a empresa:
A JBS é um cliente meu antigo, sempre fiz camisetas para eles. Mas não vou me manifestar nesse caso, porque prefiro responder em instâncias mais adequadas afirmou, em maio deste ano.
Nas eleições de 2014, a JBS doou legalmente R$ 361,8 milhões para diversos candidatos.