CURITIBA O ex-governador do Rio Sérgio Cabral chegou em Curitiba por volta das 16h20 deste sábado. Ele foi levado diretamente para o Instituto Médico Legal (IML), onde faria exames. Em seguida, será encaminhado para a carceragem da Polícia Federal, onde estão outros presos da Operação Lava Jato. Cabral foi transferido do Complexo de Bangu nesta manhã por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Cabisbaixo, Cabral ficou em silêncio ao entrar no IML. Estava escoltado por agentes da Polícia Federal. Um comboio da PF fez a escolta do ex-governador do aeroporto até o IML.
Um grupo de cerca de 20 pessoas de movimentos de apoio a Lava Jato esperavam a chegada do ex-governador com bandeiras do Brasil e um carro de som. Narli Rezende, do movimento ?Curitiba Contra a Corrupção?, foi a primeira a chegar, ainda antes do meio dia. Numa cadeira de rodas, ela conta que acompanhou a chegada de todos os presos da Lava Jato. Seu maior orgulho é ter entregado uma rosa para a Justiça Federal, na época da 24ª fase da Lava Jato, que chegou ao gabinete do juiz Sérgio Moro, segundo ela.
O motivo da transferência é que Cabral teria recebido visitas privilegiadas na prisão de modo irregular, de acordo com requerimento do Ministério Público Federal (MPF). “A transferência para local distante do seu âmbito de influência é medida que visa resguardar a ordem pública”, diz um trecho da decisão do juiz.
O Ministério Público do Rio de Janeiro comunicou o MPF no último dia 7 de que a visitação de Cabral estaria ocorrendo de modo “irregular e ilegal”. Na decisão, Bretas citou que a situação é “preocupante” porque a prisão do ex-governador tem por objetivo evitar que ele mantenha ascendência sobre terceiros e comprometa as investigações.
Além disso, o juiz também considerou o pedido da defesa de mudar o local de detenção de Cabral por receio de que a integridade física dele seja prejudicada. A defesa do ex-governador alegou que ele poderia sofrer retaliações por ter implantado unidades pacificadoras (UPPs) e também por que seria considerado o “responsável” pela situação de falência do estado, “insuflando um sentimento de repúdio principalmente entre os servidores estaduais, como são os agentes penitenciários que fazem a sua custódia”.
Preso em 17 de novembro na operação Calicute, um desdobramento da operação Lava Jato, Cabral seria o cabeça de um esquema de corrupção em obras estaduais que teria desviado mais de R$ 220 milhões. Além de Cabral, mais 10 pessoas foram presas no dia da operação.