Cotidiano

Itacoatiara, em Niterói, terá a Bandeira Azul em julho

itacoatiara.jpg NITERÓI ? A praia mais querida pelos moradores de Niterói vai conquistar o mundo. Em julho de 2016, em meio aos Jogos Olímpicos que serão realizados no Rio, Itacoatiara vai ganhar a Bandeira Azul, certificado concedido pelo instituto dinamarquês Foundation for Environmental Education (Fundação para a Educação Ambiental), uma entidade credenciada pela ONU e pela Unesco para avaliar a balneabilidade de praias e marinas em todo o mundo. A prefeitura já está autorizada a instalar a placa provisória da Bandeira Azul em Itacoatiara. A Praia do Sossego, que também é candidata ao selo internacional de qualidade ambiental, no entanto, só deverá recebê-lo em 2017.

A coordenadora nacional do Bandeira Azul no Brasil, Leana Bernardi, disse ao GLOBO-Niterói que usou o argumento das Olimpíadas para antecipar a certificação de Itacoatiara. A análise será feita pelo júri internacional, que se reúne em maio em Copenhague para examinar os pedidos das praias do Hemisfério Norte. O júri do Hemisfério Sul (que julga as solicitações do Brasil) já se encontrou e certificou a Prainha, do Rio, pela quinta vez, e concedeu dois outros selos para Rio das Ostras: Praia do Remanso e Lagoa do Iriry. A Prainha, no canto direito de Itacoatiara, não está incluída no projeto.

? Através do processo normal, Itacoatiara só seria certificada no fim do ano que vem. Mostramos ao júri internacional a importância de certificar uma praia brasileira durante as Olimpíadas e conseguimos incluí-la na reunião anual do Hemisfério Norte ? explica.

Na semana retrasada, o oceanógrafo David Zee disse que Itacoatiara é a praia com a melhor qualidade da água entre todas as do Rio e de Niterói. Ele chegou à conclusão ao pesquisar as análises feitas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) de 2000 a 2015.

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Leana Bernardi acrescenta:

? Numa época em que o Brasil está sofrendo com as questões ambientais, a Bandeira Azul chega em boa hora a Itacoatiara. O selo dá visibilidade e garantia de qualidade e segurança para o turista internacional que, ao contrário dos brasileiros, está familiarizado com as praias que têm a Bandeira Azul

Luiz Eduardo Melo Francisco, o bodyboarder Dudu Pedra, de 34 anos, comemora a conquista da Bandeira Azul, mas se preocupa com o aumento de visitantes depois do reconhecimento internacional. Dudu é neto de Felício Francisco que, ao lado de Mathias Sandri, foi um dos criadores do bairro na década de 1940. Ele comanda uma escolinha de bodyboard que tem 50 alunos.

? A certificação é muito importante, mas é preciso construir uma estrutura, porque Itacoatiara é uma praia pequena, de apenas 800 metros, que não comporta muita gente nem tantos carros. Não se pode proibir ninguém de vir aqui, mas é preciso estabelecer limites ? diz.

A advogada Jaira Pires mora em Itaipuaçu, em Maricá, mas de segunda a sexta-feira vai a Itacoatiara caminhar e meditar depois de deixar as filhas na escola, em Itaipu. A tranquilidade é o que mais a atrai na praia:

? Eu consigo fechar os olhos aqui em Itacoatiara para meditar, o que jamais faria em Copacabana ou Ipanema por causa da insegurança. Aqui é um local de pessoas bonitas.

SÉRIE DE EXIGÊNCIAS

O presidente da Sociedade dos Amigos e Moradores de Itacoatiara (Soami), Luiz Otávio Ferreira da Silva, diz que a entidade não é contra a certificação, mas reivindica que a prefeitura atenda, prioritariamente, às necessidades básicas do bairro antes de apresentar qualquer outro projeto que possa atrair mais visitantes.

Para conseguir a Bandeira Azul, os órgãos públicos têm que atender a uma série de exigências. A principal delas é a qualidade da água do mar, que precisa ser avaliada periodicamente pelo órgão ambiental ? no caso do Rio, o Inea. As praias devem ter banheiros públicos (mesmo que o uso seja cobrado), acesso para deficientes físicos, salva-vidas e ordenamento para que nenhum obstáculo impeça o acesso de veículos de socorro urgente, como Corpo de Bombeiros e ambulâncias. Tudo isso cabe à prefeitura. Feita a inscrição, a praia é avaliada por representantes da ONG Instituto Ambiente em Rede (IAR), de Florianópolis, que representa o programa no Brasil. Depois, a inscrição é avaliada por um júri nacional e por fim pelo júri internacional, que concede a certificação. A praia do Peró, em Cabo Frio, é a próxima candidata à Bandeira Azul.