FALUJA ? As forças iraquianas apoiadas pelos EUA avançam com dificuldade em Faluja ante a resistência de centenas de extremistas do grupo Estado Islâmico (EI). De segunda-feira para terça-feira, soldados detiveram o avanço sobre a cidade para proteger civis dos ataques jihadistas. O grupo extremista também está na defensiva na Síria, onde as forças curdas mantém duas frentes de combate aos jihadistas.
Em uma difícil e longa ofensiva, que já dura 10 dias, soldados e policiais iraquianos ? auxiliados por milicianos xiitas e membros de tribos ? tentam avançar para o centro de Faluja. Na segunda-feira, eles conseguiram entrar no reduto jihadista a 50 quilômetros de Bagdá.
? Nossas forças tentam entrar no centro da cidade, mas há uma forte resistência do EI ? indicou o general Abdelwahab al-Saadi, comandante da operação militar, relatando combates nas ruas.
Combatentes do EI reagiram com força de segunda para terça-feira e contiveram uma ofensiva do Exército do Iraque em um bairro do sul da cidade de Falluja, um bastião do grupo militante perto da capital Bagdá, disseram autoridades nesta terça-feira.
Um agente humanitário alertou para uma catástrofe humana em curso na cidade, da qual os moradores são incapazes de fugir.
Soldados da força de elite iraquiana Equipe de Reação Rápida detiveram seu avanço de segunda para terça-feira a cerca de 500 metros do bairro de Al-Shuhada, parte sudeste da área de Faluja mais ocupada por construções, disseram um comandante do Exército e um policial.
? Nossas forças receberam fogo pesado, elas estão bem instaladas nas trincheiras e nos túneis ? afirmou o comandante no Campo Tariq, a base recuada do Exército no sul de Faluja.
‘BATALHA SERÁ DURA’
A ofensiva é apoiada pela coalizão internacional dirigida pelos EUA e preparada em coordenação com conselheiros militares americanos. O Pentágono disse que a batalha será dura e que os jihadistas têm a intenção de lutar.
Submetida a um cerco quase hermético em Faluja, os jihadistas estão condenados a lutar, uma vez que não tem a opção de fugir. A situação é diferente de batalhas anteriores, quando os jihadistas conseguiram sair das cidades frente à progressão das forças armadas. No entanto, os extremistas vêm fortalecendo suas defesas.
? A cada vez que nossas forças tentam avançar, se deparam com sistemas de defesa implementados pelo Daesh ? indicou um coronel da polícia usando o acrônimo em árabe do EI.
Os comandantes iraquianos afirmam ter matado dezenas de membros do grupo extremista nos últimos dias, mas permanecem discretos sobre suas baixas.
? Desde o início da ofensiva, recebemos 70 caixões de mártires ? relatou um membro das forças de segurança do Vale da Paz, em Najaf, o maior cemitério do mundo.
DRAMA HUMANITÁRIO
Um funcionário do principal hospital de Falluja disse que a equipe de atendimento recebeu relatos de 32 civis mortos na segunda-feira. Fontes médicas relataram que o saldo de mortes da primeira semana da ofensiva iniciada no dia 23 de maio está em cerca de 50 pessoas, 30 civis e 20 militantes.
Faluja está sitiada há mais de seis meses. Organizações de assistência estrangeiras não se encontram na localidade, mas estão fornecendo ajuda àqueles que conseguem sair e chegar a campos de refugiados.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) calcula que há pelo menos 20 mil crianças retidas na cidade.
A ofensiva mais recente está causando alarme nestas organizações, já que mais de 50 mil civis continuam presos com acesso limitado a água, alimentos e assistência de saúde.
A ONU acusa o Estado Islâmico de utilizar os civis como escudos humanos na batalha contra as tropas iraquianas apoiadas pela coalizão internacional liderada pelos EUA.
? Uma catástrofe humana está se desenrolando em Faluja. Famílias inteiras estão presas no fogo cruzado e não têm nenhuma saída segura ? disse Jan Egeland, secretário-geral do Conselho de Refugiados Norueguês, uma das entidades que ajudam as famílias que saíram da cidade.
As forças curdas também abriram uma nova frente de combate contra os extremistas na província vizinha de Aleppo, visando recuperar o controle da cidade de Manbij, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).