Cotidiano

Inovação em alta: mais de 50% das startups do Paraná foram criadas a partir de 2019

Número de startups cresce 36,4% no Estado, aponta estudo do Sebrae. As iniciativas com menos de três anos correspondem a 50,7%. Em um processo homogêneo, elas aparecem em 108 municípios de todas as regiões

Inovação em alta: mais de 50% das startups do Paraná foram criadas a partir de 2019

A inovação cresce por todo o Paraná. É o que comprova o Mapeamento das Startups Paranaenses 2022, realizado pelo Sebrae-PR e divulgado neste início de março. O Estado tem 522 startups a mais que no último levantamento, totalizando 1.956 empresas inovadoras em atividade em 108 municípios. Esta é a oitava edição do mapeamento feito em novembro de 2021 e divulgado neste mês de março.

Nesta edição chama a atenção o crescimento de 36,4% na comparação com a edição anterior, quando o número de startups atingiu 1.434. Para a atualização deste ano, foram excluídas 295 que não estavam mais em atividade. Somando 817 novas startups que responderam o questionário às 1.139 ativas, chegou-se ao total de 1.956 startups no Paraná. No estudo realizado em 2019, eram 1.032 empresas inovadoras.

Independente do estágio de maturidade, as startups paranaenses são empresas relativamente jovens. Além das 189 que efetivamente nasceram em 2021, outras 788 começaram suas trajetórias em 2019 e 2020. Juntas, a fatia das startups com menos de três anos corresponde a 50,7% (977) do total. Mesmo com pouco tempo de mercado, o estudo aponta que elas buscam a formalização de seus negócios: 70% do total (1.378) estão formalizadas e possuem CNPJ.

Em um ano marcado pela pandemia e, por consequência, por novos desafios e incertezas, o coordenador de startups do Sebrae-PR, Rafael Tortato, destaca que o aumento nas startups no Estado como um todo representa uma fase de oportunidades e consolidação do Paraná no cenário de inovação. “O que tem contribuído para esse cenário inovador é o fomento pelos diversos atores do ecossistema, sejam as universidades, habitats de inovação, sejam as diversas iniciativas que motivam para que este número cresça e aumente também a qualidade dos projetos inovadores”, diz.

O trabalho conjunto entre poder público, iniciativa privada, universidades, terceiro setor, entidades e serviços autônomos, como o Sebrae, é fundamental para criar pontes com a sociedade e manter fortalecido o ecossistema de inovação.

Tortato lembra que o Paraná tem três unicórnios (startups que conseguem atingir a marca de US$ 1 bilhão em avaliação de mercado) que inspiram as novas startups (qualquer empresa de base tecnológica e que consegue crescer seu negócio de maneira escalável). “A expectativa é que aumente o número de iniciativas ainda mais e quem sabe surjam outros unicórnios paranaenses, pois isso mostra que a economia do Estado traz negócios inovadores que completem atividades tradicionais que impulsionam o Paraná como um dos Estados de mais força no País”, frisa.

“O Paraná é um verdadeiro celeiro de grandes ideias. Criamos um ambiente de inovação diferente, com apoio de bolsas de estudo e de parques tecnológicos, além de uma grande rede de universidades públicas e particulares. Todas as profissões atualmente falam e pensam em inovação, é um modo de vida. Queremos que o Governo do Estado seja parceiro e facilitador desse ecossistema”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior.

O QUE FAZEM – Das 28 verticais econômicas analisadas pelo estudo, a que mais teve startups vinculadas foi a AgroTech. Este segmento econômico tão importante no Paraná conta com 200 startups que levam a inovação para o campo, sendo 59 novos empreendimentos comparado ao ano anterior. Completando as cinco verticais com mais iniciativas, seguem: internet e comunicações (193); saúde e bem-estar (140); educação (107); construção civil (100). Outras 183 empresas estão descobrindo onde se encaixam no ecossistema e foram classificadas na categoria geral.

Um olhar atento a cada um dos segmentos revela detalhes interessantes sobre a densidade, a capilaridade e a distribuição por região e por município. Na vertical GreenTech & Energy, por exemplo, o número de iniciativas para ajudar a cuidar melhor do planeta passou de 26 para 36, na esteira do reconhecimento do Paraná como exemplo global de desenvolvimento sustentável, outorgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Uma delas é a Poliverde, que está incubada na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e apresenta uma solução verde para a reciclagem da poliamida.

Inovação em alta: mais de 50% das startups do Paraná foram criadas desde 2019
Foto: AEN

 

ONDE FICAM – O processo de inovação, através das startups, é homogêneo no Paraná. Não há uma centralização apenas nas grandes cidades, apesar de 76% delas estarem distribuídas em 10 municípios. O mapeamento 2020/2021 indicava iniciativas em 87 cidades e agora já são 108 municípios (27% do Estado).

Na distribuição entre as seis regionais que compõem o StartupPR (Norte, Noroeste, Centro, Sul, Leste e Oeste), a Leste é a com mais startups: 484 ou 25% do total. Nesta região quase todas as verticais mapeadas na pesquisa apresentaram pelo menos um registro e o índice de formalização está acima da média estadual: 88,2% das startups já abriram CNPJ, contra 69,9% do Paraná. Além disso, 45,6% delas disseram ter recebido investimentos externos – 25,6% deram a mesma resposta em todo o Estado.

A regional Norte é a segunda com mais startups em todo o Estado: são 379 iniciativas, ou 19% do total. Londrina concentra 67% delas, mas 126 iniciativas estão em outras 26 cidades da região. Sobre onde costumam estar alocadas, 42,9% ficam na “garagem” (casa dos fundadores) ou em sede própria, 26,9%; e os escritórios compartilhados em coworkings representam 10,9% do total.

Olhando para o momento das startups na Regional Sul, a terceira com mais iniciativas, 56% delas estão em fase de descoberta (construindo a ideia). Também há boa capilaridade: Pato Branco tem 129 startups ou 36% do total, enquanto Francisco Beltrão tem 51 iniciativas e Dois Vizinhos, 46. Outros 37% das startups dessa regional estão em outras cidades.

Na Regional Oeste, a maior parte delas está em fase de tração (quando a empresa está em crescimento), 41%; em operação (primeiros clientes pagantes), 33%; em ideação, 17%; e 9% em descoberta. No Noroeste, 37% das 304 iniciativas encontram-se em momento de operação e 35% em ideação (construindo o produto ou o modelo da empresa). Na Regional Centro, que tem Ponta Grossa como sede, um diferencial é que 53,8% das 109 iniciativas estão em incubadoras.

QUEM SÃO – Segundo a pesquisa, a maioria dos fundadores (founders) das startups paranaenses são bem jovens: sendo 303 ou 38% dos respondentes com 25 anos ou menos. Outros 107 deles estão na faixa entre 26 e 30 anos (13,4%) – ou seja, 51,4% das startups do Estado têm como founder alguém com menos de 30 anos de idade. Entre 2019 e 2022, o número de mulheres que comandam startups subiu de 16% para 36% no perfil comparativo de gênero.

AEN