SÃO PAULO – A recessão econômica continuou pesando sobre o setor industrial brasileiro em maio e os trabalhadores foram novamente afetados com força pelos cortes de custos diante da queda na entrada de novos pedidos, apontou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta quarta-feira.
O Markit informou que o PMI da indústria do Brasil recuou a 41,6 em maio sobre 42,6 em abril, taxa de contração mais forte em pouco mais de sete anos e 16º mês seguido abaixo da marca de 50 que separa contração de expansão.
As empresas voltaram a demitir funcionários em maio a um ritmo mais acelerado do que no mês anterior, com a taxa de corte chegando assim a um novo recorde para a pesquisa.
“As crises econômica e política que o Brasil tem enfrentado continuam a afetar a demanda e as empresas não têm tido outra opção a não ser dispensar funcionários como parte dos esforços para continuar vivas”, avaliou a economista do Markit Pollyanna De Lima.
Os cortes foram registradas em todas as três subcategorias monitoradas, mas a redução mais forte foi apresentada na de bens de investimentos.
Esse cenário é reflexo da redução da entrada de novos negócios e da produção pelo ritmo mais forte desde março de 2009, como reflexo da demanda contida frente à crise econômica e à deterioração da confiança dos investidores.
O volume de novos negócios do exterior até cresceu em maio favorecido pelo dólar fortalecido em relação ao real, mas o ritmo foi o mais fraco na atual sequência de seis meses de expansão.
Mas a moeda norte-americana forte também levou à alta nos preços pago pela matéria-prima importada, e a taxa de inflação de insumos atingiu máxima de quase 8 anos.
Entretanto, as pressões competitivas limitaram a capacidade das empresas de repassar esses custos aos clientes, e a inflação dos preços cobrados desacelerou em maio para o nível mais fraco em 10 meses.
Enquanto os produtos de bens de consumo e de investimento tiveram seus preços elevados, os de bens intermediários registraram descontos.
Apesar disso, pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que as expectativas do setor melhoraram em maio, e o seu Índice de Confiança da Indústria (ICI) do Brasil atingiu o nível mais alto desde março de 2015.