São Paulo – O número de empresas com dificuldades em pagar as contas segue crescendo no País. Dados do Indicador de Inadimplência apurado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostram que em maio, frente ao mesmo período do ano passado, cresceu 9,37% o volume de empresas que tiveram o CNPJ negativado em virtude do não pagamento de contas. Trata-se do maior crescimento observado na série histórica desde setembro de 2016, quando a alta apurada havia sido de 9,61%. Na comparação com abril deste ano, sem ajuste sazonal, a alta da inadimplência das empresas foi de 0,73%.
Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, a saída da recessão ainda não se reflete em melhoras inequívocas na gestão financeira das empresas. “Apesar de a taxa Selic estar em seu piso histórico, os spreads bancários ainda são altos, o que inviabiliza um custo menor do crédito nas operações do dia a dia dos empresários. Além disso, o desemprego elevado desaquece as vendas, diminuindo a margem de lucro das empresas, assim como a perspectiva de investimentos”, explica o presidente.
A alta da inadimplência entre as empresas foi puxada principalmente pela Região Sudeste, cujo crescimento foi de 16,54% na comparação entre maio de 2018 com o mesmo mês do ano passado. Em segundo lugar ficou a Região Sul (4,92%), seguida do Centro-Oeste (3,80%), do Nordeste (2,94%) e do Norte (2,10%).
O crescimento da inadimplência em maio foi mais expressivo entre as empresas do ramo de serviços, cuja alta foi de 12,62%. O comércio (6,92%) aparece em segundo lugar, seguido das indústrias (5,78%). O único setor a apresentar queda na quantidade de empresas com contas em atraso é o ramo da agricultura, que apresentou um recuo de 4,02% em novas negativações.
Volume de dívidas
Em média, cada empresa inadimplente possui duas dívidas em aberto. De acordo com o indicador, a quantidade de dívidas em nome de pessoas jurídicas também cresceu em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado: alta de 7,94%.
Considerando os segmentos credores, ou seja, aqueles que deixaram de receber por uma dívida, o destaque ficou por conta do segmento de serviços, que engloba bancos, financeiras e empresas de seguro, com alta de 9,79% no período. As indústrias são o segundo ramo que mais deixou de receber (7,45%), seguidas do comércio (3,42%).
O ramo da agricultura é, mais uma vez, o único segmento que apresentou queda, nesse caso, de 5,14%. No total, em cada dez dívidas em nome de pessoas jurídicas no Brasil, sete são devidas em empresas de serviços. Outros 17% estão concentradas no comércio, enquanto 12% tem como principais credores as indústrias.