Cursos RIO – Buscar o aperfeiçoamento por meio de cursos e especializações é fortemente recomendado na hora de investir na carreira. Além de aprofundar os conhecimentos, aumenta a rede de contatos e demonstra o interesse pela profissão. Mas cuidado: fazer matriculas sem critério também pode ser o caminho para a frustração. Manter o foco é fundamental para evitar o desperdício de tempo e dinheiro.
O coordenador de comunicação do Conselho de Informações sobre Biotecnologia, Frederico Franz, está sempre matriculado em, pelo menos, um curso. Para isso fluir da melhor maneira possível, ele estabeleceu um jeito próprio de organizar a agenda: alterna atividades ligadas à atuação profissional com outras de interesse pessoal.
? Logo que me formei, fiz uma pós-graduação em Ciências da Religião. Depois, fiz outra em Gestão da Comunicação, com conteúdo mais prático ? recorda ele.
A partir daí, seguiu com a alternância. Só para citar alguns exemplos, Franz frequentou aulas de vinhos para iniciantes, história da Avenida Paulista, psicanálise, cinema e sonho e fotografia. Atualmente, ele faz um curso à distância de ciência e política de organismos geneticamente modicados de uma universidade americana e já está de olho num mestrado na área de comunicação científica.
? Não me arrependi de nenhum deles. Alguns foram mais úteis do ponto de vista da carreira e outros da formação intelectual ? define Franz. ? Participar de todas essas atividades faz com que a gente esteja sempre com um frescor que perdemos depois de alguns anos no mercado. Principalmente se estamos há muito tempo em uma mesma empresa.
FOCO NA CARREIRA
Para Margareth Columa, diretora das unidades Rio e Belo Horizonte da consultoria Lee Hecht Harrison, a disciplina de Franz é exemplar. Mas nem sempre é assim. Segundo ela, as pessoas refletem pouco sobre a real importância daquele conteúdo antes de fazer a matrícula.
? Já dei aulas para turmas em que a maioria das pessoas não sabia explicar o que fazia ali ? exemplifica ela. ? Experimentar é bom. Mas quando isso é excessivo, acaba tirando o foco do que realmente importa para a carreira.
Na busca ávida por conhecimento, o profissional, principalmente o recém-formado, pode cometer equívocos. Por isso, o conselho de profissionais de RH e coaches segue aquela máxima: ?quantidade não é qualidade?. Ou seja, ser um colecionador de cursos de diferentes áreas não tem relação direta com a colocação esperada.
? Quem coleciona tem que ficar atento. Isto mostra que não tem um caminho claro na carreira e passa a impressão de que está dando tiros para todos os lados ? considera Margareth Columa.
Na opinião dela, a exceção deste caso é quando, com o novo aprendizado, há possibilidade de alterações no andamento da profissão. Ainda mais em setores estagnados ou para quem está desempregado.
? Se precisa mudar de setor de atuação, uma especialização numa nova área pode aumentar a chance de empregabilidade. As pessoas precisam ter em mente que as carreiras hoje são longevas. Então, estudar é uma estratégia de longevidade ? afirma ela.
Na opinião do consultor e presidente da Núcleo Expansão, Alexandre Prado, mesmo em períodos diferentes da vida profissional nunca é tarde para estabelecer um planejamento eficaz. E, se necessário, procure ajuda para achar seu novo caminho.
? Através do suporte de um coach, por exemplo, tal plano será criado e evidenciará para qualquer recrutador que, mesmo que houvesse inconsistências no passado, a partir de um novo momento os objetivos profissionais passaram a ser claros ? conclui, lembrando que, na hora de escolher um curso, seja livre, pós-graduação ou MBA, o primeiro aspecto é se perguntar como isso contribuirá para a profissão.
No caso de quem está construindo uma carreira em uma empresa, a própria companhia sinaliza qual trajetória educacional seguir. Para a coach de carreira e imagem da Flow Consultoria & Coaching, Elaine Fucci, muitas vezes as chances de promoção interna são perdidas, pois não há ninguém capacitado para atender as habilidades e competências exigidas para a função.
? É preciso estar atento às oportunidades. Alinhe seus interesses profissionais com as perspectivas de mercado e converse com profissionais que já desempenhem as funções que você projeta ? considera a coach.
ALINHADO COM A EMPRESA
No entanto, na hora desta movimentação, outros aspectos vão falar mais alto.
? Claro que um profissional bem preparado, que se preocupa com seu desenvolvimento profissional, é sempre valorizado. Mas se, no dia a dia, ele não se mostra alinhado com os valores da empresa, que preza a boa convivência e a confiança, isso pode até perder importância ? afirma Aline Magalhães, diretora de RH da empresa de seguros JLT Brasil, que lançou um programa interno de incentivo aos valores comportamentais.