SÃO PAULO – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou que impeachment é ?remédio amargo demais para ser tomado sem a comprovação de crime?. Candidato à reeleição, Haddad deu entrevista à rádio CBN nesta quarta-feira, dia em que senadores decidem se a presidente Dilma Rousseff será ou não afastada em definitivo.
– Ouvindo a acusação, não consigo verificar em dois ou três decretos razão suficiente para afastar um presidente eleito. Presidente pode errar ou acertar, mas tem o seu mandato para isso. Quatro anos de mandato para corrigir seus eventuais equívocos. Mas afastar depende da comprovação de crime de responsabilidade. Na minha opinião, e falo também como advogado, isso não ficou comprovado – declarou Haddad.
Para ele, caso a presidente Dilma seja afastada em definitivo, prefeitos e governadores vão ficar ?um pouco mais reféns do que já são de arbitrariedades que possam ser cometidas, sobretudo, no âmbito do Legislativo?.
Haddad evitou falar sobre oposição a um governo de Michel Temer. – Tenho 16 anos de vida pública, nunca coloquei interesse partidário acima do interesse público – disse.
O prefeito de São Paulo relembrou a ação judicial que ingressou contra o governo federal. Em abril de 2015, Haddad entrou na Justiça para obrigar o governo federal a cumprir a lei que muda a correção das dívidas de Estados e municípios e permite reduzir os pagamentos que a cidade faz para a União. Com isso, a dívida de São Paulo reduziu de R$ 72 bilhões para R$ 28 bilhões, segundo o prefeito.
– Eu tive um desentendimento com o governo Dilma. Tive que ingressar ação judicial para preservar o interesse de São Paulo. Eu me insurgi contra o governo para preservar o interesse do paulistano. O partido é importante, mas antes dele vem o interesse da população – lembrou.