imóveis RIO – Ser atleta olímpico depende de tempo e dedicação. Mas é possível sentir o gostinho de ser um medalhista morando no mesmo espaço ocupado por competidores durante a Olimpíada. Isto porque os condomínios construídos para receber esportistas, delegações e jornalistas durante a Rio 2016 voltarão a ser vendidos depois da Paralimpíada, que encerra-se no dia 18 de setembro.
Na Ilha Pura, local que vai sediar a Vila dos Atletas, são 3.604 apartamentos, com dois, três e quatro quartos, 11 plantas diferentes e metragens de 78 a 230m², construídos pela Carvalho Hosken. São 31 prédios, distribuídos em sete condomínios.
? A região da Barra é a que mais cresce na cidade e entendemos que a visibilidade com os jogos também deve colaborar para as vendas, afinal são pessoas de mais de 200 países que vão transitar pela Ilha Pura. Acreditamos em nosso produto e, após a competição, as vendas serão retomadas ? afirma o diretor-geral da Ilha Pura, Mauricio Cruz Lopes.
Depois de desocupados pelos atletas, os prédios serão finalizados, repintados e entregues aos moradores em 2017. A empresa informa que 600 foram postos à venda no final de 2014 e aproximadamente 40% foram vendidos. Um percentual baixo na opinião de especialistas do mercado.
? A Vila dos Atletas tem um grande potencial de venda pós-jogos. É um bom empreendimento, localizado em uma região importante. Imagina para o cliente comprar um apartamento que hospedou um grande atleta? ? diz o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), João Paulo Rio Tinto de Matos, que considera que o desempenho não foi melhor por conta da crise econômica que o país vive:
? Se fosse há quatro anos ou cinco anos, as unidades disponíveis seriam vendidas rapidamente. Basta lembrar que, em 2005, a oferta de apartamentos na Vila do Pan se esgotou em menos de dez horas após seu lançamento.
O TRAUMA DA VILA DO PAN
Apesar do sucesso comercial, a experiência de quem investiu nas edificações do Pan-Americano 2007 foi traumática. Até hoje os moradores dos 1.480 apartamentos de 17 prédios convivem com problema sérios de estrutura, que iniciaram-se em 2007, quando ruas cederam. Agora os pisos das garagens também começaram a rachar. No entanto, o presidente da Ademi não considera que a venda lenta da Vila Olímpica seja algum receio dos clientes em investir em equipamentos deste tipo.
? Não acredito que tenha relação. O terreno era ruim e as falhas foram nas ruas do entorno. E as construtoras aprendem também com uma experiencia como esta ? analisa Matos.
Perto dali, na Vila de Mídia, que servirá de hospedagem para os jornalistas, a construtoras conseguiram resultados positivos de venda. A Calper, por exemplo, comercializou 90% das 774 unidades do Frames Vila da Mídia, distribuídas por nove blocos. O valor dos apartamentos parte de R$ 506 mil e, das coberturas, de R$ 784 mil.
? O Frames foi um projeto ousado. Existiam inúmeras dificuldades, como o solo em que foi erguido. Muitos não acreditavam que conseguiríamos executá-lo ? comemora Ricardo Ranauro, presidente da Calper.
PREÇOS MAIS ACESSÍVEIS
A João Fortes também festeja o resultado do Mares de Goa, no Recreio, que será o Hospitality Center da Mídia. Sobram poucas unidades das 234 colocadas à venda, com preços entre R$ 350 mil e R$ 650 mil.
? Todos os apartamentos serão entregues mobiliados, com eletrodomésticos, prontos para morar. Haverá geladeira, televisão, sofá, mesa de jantar, além de itens como tapetes, ferro, cabides, entre outros ? define o diretor de Negócios da João Fortes Engenharia, Jorge Ruca.
Na opinião de Paulo Porto, professor do MBA Gestão de Negócios Imobiliários e da Construção Civil da FGV, os prédios da Vila da Mídia tiveram maior liquidez de venda por serem edificações menores.
? Os prédios da Vila e do entorno da área tiveram impacto positivo com as Olimpíadas. Além disso, as construtoras não tiveram uma agressividade no preço tão alta como nos apartamentos da Ilha Pura ? diz ele sobre os imóveis, cujos valores dos apartamentos varia de R$ 650 mil e R$ 4 milhões.
A incorporadora Leduca também construiu empreendimentos para serem usados pelos jornalistas na cobertura dos jogos e entregará aos compradores apartamentos já mobiliados. Atualmente no estoque há unidades a partir de R$ 512 mil.
? Este produto se tornou muito atraente para o cliente final, que economizará tempo e dinheiro para mobiliar e se mudar. Sem contar que atrai também o cliente investidor que tem uma carteira de imóveis para locação. Com esse benefício, ele recebe o imóvel pronto para alugar ? afirma Paulo Marques, diretor da Leduca.
MERCADO DE LUXO TEM CRESCIMENTO
Os jogos mexeram também com os mercados de compra e aluguel de imóveis de alto luxo. A empresa Rio Exclusive, por exemplo, alugou 120 casas para delegações e patrocinadores, e vai pôr quatro mansões à venda depois das competições.
De acordo com a sócia da empresa, Juliana Guzman, houve um aumento de 50% na procura neste segmento na Olimpíada, quando comparado ao período da Copa.
A empresa não revela o valor de venda dos imóveis, mas sabe-se que são dezenas de milhões de reais. Já o valor da diária de uma mansão alugada em São Conrado é de R$ 150 mil.
? A maioria das casas está dentro das propriedades mais bonitas da cidade. Alguns inquilinos pediram umas modificações ou adaptações (móveis, retirada de obras de arte, pintura das paredes em outras cores, troca dos banheiros para modelos mais sofisticados ? explica Juliana.
No Condominio Portobello, é possível comprar ou construir uma casa de veraneio no mesmo local escolhido pelas delegações olímpicas de rúgbi (Austrália), hóquei (Holanda), vela (Inglaterra), esgrima (Rússia), hipismo (Argentina) e ciclismo (Austrália). Os atletas ficarão hospedadas no hotel, localizado na mesma propriedade. Os moradores, quando autorizados, podem utilizar o serviços do resort, como restaurantes, piscina, academia e praia.
Segundo o gerente de Relacionamento da Imobiliária Portobello, Guilherme Cartolano, nos 2.500 hectares, há lotes à venda. O valor gira entre R$ 550 mil a R$ 3 milhões.