RIO – O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, fez nesta sexta-feira uma crítica implícita a economistas que afirmam que os juros reais (descontada a inflação) do Brasil estão muito elevados. Goldfajn afirmou que considerar a inflação que já ocorreu, em vez da expectativa para os próximos 12 meses, não é a maneira adequada para fazer a conta. Em aula inaugural na Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV/EPGE), o presidente do BC disse que, ao considerar a expectativa de inflação e os juros futuros, os juros reais brasileiros estão em 5,5% (os chamados juros ex-ante), contra os 8,7% do cálculo que olha para a inflação acumulada até agora (juros ex-post).
inflação– O relevante é o conceito que afeta as decisões, é o que vai ocorrer e não o que ocorreu. Tem gente fazendo a conta com a taxa de juros do passado. Se for assim, vamos ficar no passado. É relevante usar a medida certa. A partir dela, o juro real tinha subido para 8,9% em setembro de 2015, que é algo bem alto, e agora voltamos para algo entre 5% e 5,5%, dependendo da forma de calcular – disse Goldfajn em sua palestra. – No momento em que estamos hoje, temos que olhar a medida que reflete o futuro.
O presidente do BC argumentou também que, embora descobrir um patamar de juros neutro para economia seja difícil, reduzir essa taxa de outras frentes do governo, sobretudo das reformas da área fiscal.
– A verdade é que a gente não sabe (qual é a taxa de juros neutra). Não é uma variável observável. Ela depende de outros fatores, de nossa capacidade de fazer melhor em vários aspectos. A gente gostaria de ir para uma taxa menor porque vários países do mundo a tem. Mas qual será essa taxa? Dependemos das reformas, do ajuste e da sociedade como um todo, além de depender do BC também – afirmou.
Cotidiano