Guaíra – As polêmicas em torno do processo de demarcação de área indígena em uma área de 30 mil alqueires, envolvendo as cidades de Guaíra e Terra Roxa, tiveram mais um desdobramento e emissão de nota por parte de um órgão federal. O escritório local do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) emitiu nota negando qualquer relação com a Funai (Fundação Nacional do Índio) envolvendo pesquisa para fins de demarcação das áreas. O trabalho em fase de execução no momento, segundo explica o IBGE em nota, é relacionado ao trabalho de coleta de dados como parte do censo agropecuário do órgão.
O IBGE rebate as informações circulando em redes sociais e aplicativos de mensagens dando conta de que estaria realizando o levantamento nas propriedades rurais visando às demarcações. “O IBGE não tem nenhum trabalho feito em conjunto com a Funai”, informou.
Segundo a nota, “o IBGE não faz, nunca fez e não fará nenhum levantamento que não tenha como finalidade a produção de informações estatísticas que sirvam de subsídio ao planejamento de diversos setores da sociedade. A Lei 5.534/68 relata que todos os dados fornecidos ao órgão são de absoluto sigilo e somente poderá ser utilizados para fins estatísticos”.
O trabalho de coleta de informações ao censo agropecuário teve início em outubro, com a presença dos recenseadores nas comunidades do interior atrás de informações de área, produção, características da propriedade e do produtor. Nos casos de dúvidas, o agricultor poderá solicitar a identidade e o número da matrícula do recenseador, que poderá ser consultado no site do IBGE.
Mais protestos
Depois de Guaíra, que mobilizou mais de 2 mil pessoas em passeata pelas ruas em protesto contra a demarcação de áreas para os índios, é a vez de Terra Roxa organizar seu protesto. Há princípio, está marcado para ocorrer na próxima semana, dia 19 de dezembro, no Centro. Já nesta quinta-feira está programada uma audiência pública em Brasília para discutir o assunto, sob a coordenação do presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, deputado Sérgio Souza.
Na semana passada uma carreta carregada com madeiras chegou a Guaíra para descarregar o material em áreas ocupadas pelos índios. Ao ficarem cientes, agricultores protestaram e chegaram a impedir o acesso de caminho a um dos locais. Depois de muito conversa, o carregamento com as madeiras foi escoltado pela Polícia Federal em direção à área conhecida como Mata do Jacaré.
Em nota, a Funai justificou que as madeiras são para reformar casas que apresentavam problemas estruturais.
Após o protesto em frente à sede, o MPF divulgou nota confirmando que o processo de demarcação de terras indígenas em Guaíra e Terra Roxa está em andamento, mas que ocorre em sigilo, e que somente após a conclusão será dado prazo de 90 dias para que os proprietários das áreas demarcadas possam apresentar seus recursos.