RIO – Homens demonstram mais propensão a se reconciliar após uma situação de embate do que mulheres. É o que sugere um estudo que analisou horas e horas de imagens de atletas se cumprimentando depois de duelos de tênis, tênis de mesa, badmington e boxe. Segundo os autores da pesquisa, os competidores do sexo masculino são mais enfáticos na hora de interagir com o adverário quando o confronto acaba.
De acordo com a pesquisa, liderada por cientistas da Universidade Harvard, nos EUA, homens se tocam por mais tempo e até trocam mais abraços e carícias depois de uma disputa, enquanto as mulheres são menos afetuosas nesses momentos. Para chegar a essa conclusão, os acadêmicos se debruçaram sobre vídeos de atletas de 44 países retirados do YouTube, da Federação Internacional de Tênis de Mesa e da rede social Badminton Link, que reúne jogadores e fãs desse esporte.
Publicado no periódico científico “Current Biology”, o artigo sobre o estudo esclarece que a diferença na duração dos cumprimentos é de poucos segundos, mas mesmo assim relevante, de acordo com a agência de notícias Reuters.
Estudos anteriores já haviam identificado essa predisposição à reconciliação entre machos de chimpanzé. Cientistas observaram que animais de um mesmo grupo entram em frequentes conflitos, mas “fazem as pazes” facilmente e cooperam entre si para enfrentar adversidades como um confronto com outro grupo de chimpanzés. Os pesquisadores queriam, então, saber se o mesmo poderia ser dito de humanos.
– O que é tão incrível para mim é que cientistas sociais veem as mulheres como o sexo mais interconectado, cuidadoso e emotivo – diz a professora Joyce Benenson, da Universidade Harvard, referindo-se a estudos prévios segundo os quais as mulheres interagem mais fisicamente do que os homens no cotidiano geral. – Mas elas podem ter mais dificuldades para se reconciliar depois de conflitos.
No tênis, por exemplo, todos os jogadores obrigatoriamente apertam as mãos depois de uma partida, mas em alguns casos os atletas fazem contatos extras, como toques no braço do adversário ou até abraços. Estas demonstrações de afeto adicionais são mais comuns na categoria masculina, garantem os autores da pesquisa após analisar as horas de gravações.
De acordo com Joyce Benenson, os humanos são a única espécie que travam embates letais entre grupos, quase sempre compostos por homens. Mas esses confrontos exigem cooperação, o que pode explicar por que homens são capazes de trocar mais facilmente sua postura de confronto, durante uma disputa, para uma titude de cooperação em seguida, explica a professora. Por outro lado, diz ela, as fêmeas de chimpanzé e as mulheres são menos capazes de se reconciliar e “apenas se levantam e vão embora”.
– Apesar de a gente ter consciência de que disputas esportivas são apenas diversão ou que não há consequências de vida ou morte envolvidas, isto não significa que nossos cérebros não percebam a situação como um conflito real – diz, segundo a Reuters, a especialista Melissa M. McDonald, professora da Universidade do Estado de Michigan que não tomou parte na pesquisa.