RIO – Um homem faz um protesto solitário em frente ao prédio no Leblon, na Zona Sul do Rio, onde morava Adriana Ancelmo, na manhã desta terça-feira. Ele carrega cartazes com frases em protesto contra a saída da a ex-primeira-dama do Rio da cadeia ? ela obteve o benefício da prisão domiciliar.
“Corrupção na cadeia”, “Eu sempre ralando e os políticos sempre roubando” e “Colar, Anéis, Brincos, Relógios, Adriana, Lancha” são as frases escritas nos cartazes.
No fim da tarde desta segunda-feira, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, determinou que a vistoria da Polícia Federal no apartamento de Adriana fosse feita em até 24 horas.
A inspeção no apartamento onde a ex-primeira-dama vai cumprir a prisão domiciliar foi uma condição imposta pelo magistrado para que ela pudesse deixar o presídio Bangu 8, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, onde está presa desde dezembro do ano passado.
O objetivo da vistoria é verificar se não há mais linha telefônica e acesso à internet no imóvel e se foram recolhidos os aparelhos de comunicação, como celulares, computadores e tablets.
LIMINAR GARANTE PRISÃO DOMICILIAR
A ministra Maria Thereza de Assis Moura, do STJ, concedeu uma liminar na última sexta-feira autorizando a prisão domiciliar da ex-primeira-dama. O benefício já havia sido concedido pela primeira instância da Justiça Federal, mas foi cassado em seguida pelo desembargador Abel Gomes, Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que alegou que a medida representava uma quebra de isonomia com as milhares de mães presas que não recebiam o mesmo tratamento.
A lei dá aos juízes a possibilidade de converter a prisão preventiva em domiciliar quando se trata de mães de filhos de até 12 anos, caso de Adriana. Ela é ré por organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ainda nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal (MPF) estudava entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão do STJ.
No último dia 17, Bretas estabeleceu condições para que Adriana fosse para a prisão domiciliar: ela deve ficar em um imóvel sem linha telefônica e sem acesso à internet. O apartamento, porém, precisaria passar por uma vistoria. A defesa apresentou um laudo semana passada para apontar que os aparelhos de comunicação tinham sido retirados do imóvel e as linhas telefônicas e internet tinham sido cortadas. Como se passou uma semana desde que o documento foi protocolado, o engenheiro eletrônico que assinou o laudo voltou ao imóvel para verificar se a situação permanecia a mesma. O novo documento foi apresentado pelos advogados da ex-primeira-dama.