Cotidiano

Grupo Moitará investiga os mistérios da máscara teatral

A Cia Moitará apresenta o documentário 'Sentidos da máscara', dirigido p (4).jpgRIO ? Diretor e cofundador do Grupo Teatral Moitará, Venício Fonseca dedicou seus últimos meses à finalização de um documentário que mescla o percurso histórico do grupo ao desenvolvimento de uma linguagem calcada no estudo da máscara teatral. Intitulado ?Sentidos da máscara? o filme será lançado hoje, às 20h, no Espaço Moitará, na Lapa. Fundado por Fonseca e por Erika Rettl há 28 anos, o Moitará se mantém com projetos de pesquisa, ensino e criação artística, mas olha para 2017 ?na imensa dificuldade de saber o que irá acontecer? caso 2016 ?se encerre sem o pagamento do edital de fomento da prefeitura?, diz Venício.

O Moitará é um dos poucos grupos do Rio com sede própria e projetos de pesquisa e criação coordenados a um programa de pedagogia. Como está a situação do grupo e quais os planos para 2017?

Ganhamos o último edital de fomento (da prefeitura) com dois projetos, uma nova peça, ?A busca?, e o ?Encontros acessíveis?, um projeto de capacitação de surdos. Espero que o prefeito honre o seu compromisso. É uma necessidade para a cidade e para a cultura. Nunca tinha acontecido algo do tipo. E espero que a próxima gestão respeite essa decisão que já foi tomada. Nós nunca tivemos um patrocínio contínuo. Ganhamos editais que possibilitaram os mais recentes projetos. Mas foi a partir da nossa persistência que criamos a nossa infraestrutura.

O que o levou a criar e dirigir esse documentário?

O filme nasce do desejo de falar da história do grupo, mas também de produzir uma síntese da pesquisa que desenvolvemos por 28 anos com a máscara teatral, revelando nossas dúvidas e descobertas. A ideia é contribuir para uma reflexão sobre o fazer teatral com essa linguagem, que embora seja muito antiga pelo mundo, aqui no Brasil ainda é recente. Nós nos aprofundamos não apenas no jogo cênico, mas também na confecção da máscara, uma pesquisa pioneira no país. A intenção é refletir sobre o sentido da máscara e como ela pode contribuir para o trabalho do ator e para a criação de um teatro essencial.

O que é preciso saber antes de se fazer uma máscara?

É preciso fazer um estudo preliminar sobre as características da personagem, se for o caso da criação de personagem, o lugar em que ela será trabalhada, a qualidade da energia do ator, a concepção do diretor, enfim, as necessidades para que ela seja funcional.

E o que a máscara possibilita, enquanto linguagem?

Existem diversas possibilidades de uso dessa linguagem, mas todas têm o mesmo objetivo: fazer com que a máscara esteja viva, com que o ator esteja comprometido com o que faz e, para isso, que ele se desnude da sua máscara cotidiana. Assim, a máscara produz uma linguagem universal, compreendida por todos.