A greve dos caminhoneiros que entra hoje no quarto dia traz reflexos em vários segmentos econômicos de Cascavel. A partir de hoje, será reduzido o número de ônibus do transporte coletivo que circula em Cascavel. De acordo com a Cettrans (Companhia de Engenharia e Transporte) a medida ocorre em função do desabastecimento de combustíveis.
Haverá restrições em algumas linhas do transporte coletivo urbano. Pela manhã, no horário de pico, o funcionamento será normal para minimizar os transtornos aos usuários. Porém, ao longo da manhã será realizada análise e divulgada as linhas que sofrerão alteração nos horários.
Ontem em alguns postos de combustíveis já não era mais possível abastecer no período da tarde por falta de condutível. Por esse motivo, motoristas chegaram a formar filas para encher o tanque dos veículos em estabelecimentos na região central e em diversos bairros da cidade, onde agora faltam combustíveis. Também foi possível observar aumento no valor no litro da gasolina, que diante dos protestos que ocorrem em todo o País, ficou ainda mais caro e chegou a R$ 4,70.
A falta de óleo diesel no local responsável pelo abastecimento da frota da Prefeitura de Cascavel comprometeu os serviços das equipes da Secretaria de Obras. “Os serviços como asfalto, usina, cascalhamento, galerias, entre outros serviços da Secretaria de Obras estão parados, por determinação do Setor de Frotas, por conta da falta de combustível no posto onde os veículos são abastecidos”, afirma a prefeitura de Cascavel.
Diante da paralisação de transportadoras, o município definiu medidas para não comprometer serviços públicos essenciais. “Solicitamos aos setores que priorizem as atividades necessárias, deixem os tanques abastecidos e economizem, para que diante de emergências, os veículos tenham combustível”, informou a Prefeitura.
Prevendo que os bloqueios pudessem interferir no abastecimento de carnes na merenda escolar, a Secretaria de Educação optou por antecipar a entrega nas escolas, que normalmente ocorre no fim da semana, para a terça-feira.
Transporte
A informação da Prefeitura é de que o transporte de alunos com ônibus do município é mantido, assim como o deslocamento de ambulâncias da Secretaria de Saúde e de veículos da Cettrans (Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito).
Até a tarde de ontem, o transporte coletivo na cidade seguia dentro da normalidade. “Por enquanto a operação segue normal. Os tanques das empresas estão abastecidos”, afirma a assessoria de imprensa das empresas responsáveis pelo transporte coletivo.
Cooperativas
No Paraná, oito cooperativas suspenderam os abates de aves, suínos e peixes, duas delas em Cascavel, a Globoaves e a Coopavel, embora as empresas não tenham emitido nota oficial sobre a paralisação das atividades. A estimativa é de que 20 mil trabalhadores dessas cooperativas foram dispensados temporariamente de suas funções.
Supermercados
A paralisação dos caminhoneiros pode trazer impacto já nos próximos dias nos supermercados de Cascavel. “A princípio a maior dificuldade é com hortifrutis que veem de fora e até o fim de semana haverá falta. Além disso, a entrega de carnes também está comprometida”, afirma o presidente da Apras (Associação Paranaense de Supermercados), da regional Oeste, Rudimar Erbert.
Apesar dos transtornos, ele comenta que a entidade apoia protestos de caminhoneiros e faz um alerta aos consumidores.
“Nossa orientação é para que substituam os alimentos que estejam em falta e que não permitam ser explorados”.
Gás de cozinha
Outro produto já em falta na cidade é o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). A última entrega de cargas, principalmente de botijões para o uso em casa ocorreu na segunda-feira e há revendas com estoque zerado. “O botijão cheio ou para ser envazado na cidade vem de Araucária, mas por conta da paralisação não há previsão para chegarem até Cascavel”, afirma a presidente do Siregas (Sindicato dos Revendedores das Distribuidoras de Gás) do Paraná, Sandra Ruiz.
O sindicato defende a paralisação por conta de prejuízos. “A Petrobrás elevou 70% o valor do produto e esse aumento não foi passado integralmente ao consumidor final, por isso, arcamos com os prejuízos”, esclarece Sandra.
Apoio
O pátio do posto de combustíveis às margens da BR 277, próximo ao Trevo Cataratas em Cascavel, principal ponto dos protestos na cidade, está completamente lotado de caminhões. A manifestação ganhou ainda mais reforço com a presença de agricultores que estacionaram tratores e se uniram à categoria, sobretudo, para exigir a redução no valor do diesel, e consequentemente, melhores valores aos frentes e para o transporte nas rodovias. O G8, grupo que reúne oito das principais entidades empresariais de Cascavel, em nota manifestou apoio à greve dos caminhoneiros.
Orientação
Pelas rodovias da região, o mesmo cenário é visto e em postos há um grande número de caminhoneiros que paralisaram as atividades.
O presidente do Sincam (Sindicato dos Caminhoneiros de Cascavel), Jeová Pereira, afirma que os motoristas autônomos são orientados a permanecer em casa.
“Nos pontos de concentração devem permanecer somente grupos orientados a repassar informações. Não queremos interferir no trânsito e evitar conflitos”, afirma o Pereira.
Segundo ele, os protestos que ocorrem na cidade são pacíficos e mantidos apenas durante o dia.