Dois prédios, um na frente do outro com posições totalmente contrárias: de um lado a Câmara, com vereadores manifestando apoio total a greve nacional dos caminhoneiros. De outro a Associação Comercial: empresários preocupados com as consequências econômicas e sociais.
Pela manhã, os parlamentares “jogaram gasolina no fogo” e cobraram adesão popular. Mesmo pertencendo ao MDB, partido do presidente Michel Temer, o vereador Roberto Parra cobrou “união” por parte dos moradores. “Não podemos deixar tudo isso só nas mãos dos caminhoneiros. Logo eles vão se enfraquecer. Está na hora de fechar Correio, agência bancária… Precisamos mostrar que a indignação é total. Como estamos colaborando com o protesto?”.
Quase durante o mesmo horário, as entidades que representam a sociedade civil organizada pediam mais prudência a população. “Ao serem atendidos nas negociações, precisamos de uma consciência da comunidade que deve ocorrer uma desmobilização. Em 2015 tivemos uma mobilização para retirar um governo que desrespeitou a economia e agora estamos fazendo isso em troca do que? Não podemos fazer revolução queimando nossa casa”, diz Edson Vasconcelos, presidente da Acic.
No Estado, a governadora Cida Borghetti (PP) congelou a base de cálculo do ICMS sobre o diesel e também estava em reunião com representantes dos caminhoneiros. O governo federal também apresentou propostas, a de maior peso foi a redução de R$ 0,46 no litro do diesel por 60 dias. Tais medidas foram insuficientes para acalmar o “gigante” que desperta novamente nas ruas.
JOSIMAR BAGATOLI
Apelos ao Estado
O vereador Serginho Ribeiro (PPL) lembrou de outro fator de descontentamento entre os paranaenses: o pedágio. “Precisamos de uma posição da governadora, em relação aos impostos e ao pedágio. A greve é legítima e precisamos que trabalhem em uma posição adequada”. Gugu Bueno (PR), presidente da Câmara, criticou a alta carga tributária sobre os combustíveis. “O Estado poderia participar dessa discussão reduzindo o ICMS. Não é possível pagarmos R$ 5 em um litro de gasolina. Não há um país no mundo com uma carga tributária de 50% sobre o combustível”.