Cotidiano

Graduações que já foram de excelência no Rio recebem conceito ruim

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RIO – Cerca de 7% dos 620 cursos de graduação avaliados no
estado do Rio obtiveram conceito 2, numa escala de 1 a 5 no índice usado pelo
Ministério da Educação (MEC) chamado Conceito Preliminar de Curso (CPC). O
índice avalia a qualidade do curso a partir das notas dos alunos no Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), além
de infraestrutura, instalações e corpo docente. Isso significa que 43 graduações
fluminenses ? 19 delas na capital, algumas antes tidas como de excelência ?
tiveram baixo desempenho e passarão por supervisão do MEC. Dentre elas, três são
públicas: a graduação em Jornalismo da Uerj; em
Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da UFF, em Niterói; e em
Ciências Contábeis também da UFF, mas em Miracema. O conceito 2 foi a nota mais
baixa registrada no Rio, onde nenhum curso recebeu conceito 1.

Info – Cursos do Rio com conceito 2

Entre as universidades particulares, a que mais teve
cursos com nota 2 no Rio foi a Cândido Mendes. Nove cadeiras da instituição, no
Rio e em Nova Friburgo, receberam a nota fraca: Direito, Administração, Ciências
Contábeis, Ciências Econômicas, Tecnologia em Design de Moda e Tecnologia em
Processos Gerenciais. A segunda instituição, entre as privadas, a acumular mais
cursos com nota 2 foi o Centro Universitário Abeu, nas graduações de Administração e Ciências
Contábeis, em Belford Roxo, e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, em
Nilópolis.

Os dados são do relatório ?Indicadores de Qualidade da
Educação Superior 2015?, divulgado quarta-feira por MEC e Inep. Todas as instituições e cursos que receberam
notas 1 e 2 devem apresentar ao MEC planos de melhoria antes das
visitas que serão feitas por equipes da pasta. O MEC calcula agora
quantos desses cursos tiveram indicadores insatisfatórios duas vezes
consecutivas para aplicar medidas cautelares, que vão da suspensão de abertura
de vestibular até a desativação do curso.

Para o coordenador do curso de Comunicação Social da
UFF, Adilson
Cabral, o baixo conceito de Jornalismo, que é uma das habilitações dessa
graduação, é reflexo de dois fatores: o boicote de muitos alunos à prova do
Enade, em crítica ao formato da avaliação, e a
falta de verba repassada à instituição.

Enade

? Estamos desde 2005 com a promessa de um prédio novo
para o Instituto de Artes e Comunicação Social. Isso é constantemente
postergado, e agora a expectativa é de que seja concluído até ano que vem ?
conta ele. ? Acredito que, quando isso acontecer, a estrutura do curso
melhorará. Sofremos com a falta de políticas voltadas para o ensino superior
público.

Em nota, a Universidade Cândido Mendes informou que ?A
UCAM valoriza muito a avaliação do MEC e se prepara para apresentar resultados
melhores a cada dia, para o conjunto de suas unidades. É importante frisar, no
entanto, que a quase totalidade dos cursos da Universidade obteve notas 3 e 4 no
ENADE, e a nossa nota no Índice Geral de Cursos (IGC) ? avaliação das IES pelo
MEC ? é de 3 (três), numa variação de 1 a 5, conforme publicação do INEP na data
de 8/3/17. Vimos promovendo melhorias e tomando as providências necessárias para
adequar nosso ensino aos novos desafios do mundo do trabalho e às demandas da
sociedade. E estamos, neste momento, em um processo de reestruturação para
garantir a otimização do nosso desempenho, com ganhos de qualidade para nossos
alunos, professores e funcionários?.

A reportagem não conseguiu entrar em contato com o
coordenador do curso de Ciências Contábeis da UFF em Miracema. A Uerj e o Centro Universitário Abeu não responderam.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino
Superior (ABMES), Sólon Caldas,
é natural que a maioria das notas fracas fique com instituições particulares,
porque são mais numerosas:

? Do total das universidades privadas do país, 88% são
particulares. Então é esperado.