BRASÍLIA O governo do presidente interino Michel Temer é avaliado como ótimo ou bom por apenas 13% dos brasileiros. Além disso, 31% aprovam sua maneira de governar, enquanto 53% a desaprovam. É o que aponta uma pesquisa divulgada na manhã desta sexta-feira pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Ibope.
No último levantamento referente à presidente afastada Dilma Rousseff, em março, 10% disseram que seu governo era ótimo ou bom e 14% aprovavam seu modo de governar, enquanto 82% desaprovavam.
Na pesquisa divulgada nesta sexta-feira, o índice de rejeição a Temer, os que consideram ruim ou péssimo o seu governo, é de 39%. Dilma chegou em março passado a 69% de entrevistados que consideravam seu governo ruim ou péssimo. Ainda, 36% consideram a gestão Temer regular.
A pesquisa foi realizada entre 24 e 27 deste mês, com 2.002 pessoas em 141 municípios brasileiros, e tem margem de erro de dois pontos percentuais.
O levantamento aponta ainda que Temer tem 27% de confiança dos brasileiros. Outros 66% disseram não confiar no peemedebista. No levantamento anterior, em março, quando Dilma ainda não havia sido afastada, ela tinha 18% de grau de confiança, contra 80% de desconfiança da população.
Os pontos com maior índice de desaprovação de Temer são os impostos e a taxa de juros. Dos entrevistados, 76% desaprovam a política de juros, contra 16% favoráveis. Quanto aos impostos, 77% são contra o peso da carga tributária e 17% consideram adequada.
Para 40% dos entrevistados, as notícias recentes sobre corrupção são mais desfavoráveis ao governo Temer, enquanto 10% consideraram mais favoráveis do que para Dilma. Outros 25% não consideraram nem favoráveis, nem desfavoráveis.Em março, 76% consideravam o noticiário ruim para Dilma.
As notícias sobre corrupção continuam a liderar as citações espontâneas no levantamento CNI-Ibope. No entanto, 63% dos entrevistados não lembraram de alguma notícia relacionada ao assunto sobre o governo. Dos 37% que responderam, 7% citaram o afastamento de ministros do governo por denúncias de corrupção; 6% falaram na Operação Lava-Jato; 3% lembraram do processo de cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ); e outros 3% falaram genericamente em corrupção sem especificar o governo. Entre os temas lembrados por 2% dos entrevistados estão as manifestações gerais contra a corrupção, os protestos contra Temer, a posse do peemedebista, e a redução do número de ministérios.
BATALHA DO IMPEACHMENT
Nos quase dois meses no cargo de presidente interino, Temer tem evitado confrontar o Congresso para garantir sua permanência no poder, como estratégia para concluir o processo de impeachment de Dilma. Marcado por ceder a pressões e recuar, nesse período, Temer já demitiu três ministros e viu seu partido, o PMDB, e governo serem afetados por grampos telefônicos comprometedores feitos pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Pocuo depois, seu nome foi diretamente envolvido nas revelações de Machado. Como delator, ele diz que recebeu pedido de propina do presidente para financiar a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012.
Ao tentar se equilibrar no cargo, o peemedebista chegou, inclusive, a por em risco o discurso da austeridade fiscal e apoiou reajustes para servidores do Judiciário e para beneficiados do Bolsa Família, além da renegociação da dívida dos estados.
Dilma, por sua vez, tem usado seus perfis nas redes sociais como ferramentas de reação ao impeachment. Nela, acusa seus opositores de promover um golpe e costuma criticar o governo interino. A petista também tem viajado pelo país, mesmo com as restrições ao uso de aviões da FAB impostas pela Casa Civil. Esta semana Dilma iniciou uma campanha de crowdfunding para financiar suas saídas de Brasília e já bateu recorde de arrecadação, superando R$ 300 mil em um único dia.