Cotidiano

Goldman Sachs vê aumento de risco de queda forte do yuan

NOVA YORK – Há um risco cada vez maior de que os fluxos de capitais que saem da China aumentem à medida que o yuan se desvaloriza, espalhando-se pelos mercados internacionais e causando uma queda forte abrangente, semelhante àquelas de janeiro e agosto, de acordo com o banco americano Goldman Sachs. “Passamos para uma visão diretamente negativa” sobre o yuan, disseram estrategistas encabeçados por Robin Brooks em um relatório publicado na quinta-feira.

Como o Banco Popular da China está conduzindo a desvalorização do yuan em relação ao dólar, “o risco é que isso reinicie uma fuga de capital do mesmo modo que aconteceu em agosto (durante uma pequena desvalorização) e por volta da virada do ano”, disseram eles.

O yuan deverá sofrer o quinto declínio semanal consecutivo, a sequência mais longa desde dezembro, em meio a crescentes expectativas de que o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) elevará as taxas de juros neste trimestre. Em janeiro, a fraqueza da moeda chinesa desencadeou uma queda forte das ações mundiais em meio ao temor de que o governo arquitetasse uma segunda desvalorização desde agosto para fortalecer o crescimento. Em torno de março, o Fed reduziu sua projeção para seus custos de empréstimos de longo prazo citando incertezas na China.

PERSPECTIVA DO FED

A China modificou sua estratégia de gerenciamento do yuan, mantendo-o estável frente a uma cesta de moedas e minimizando a importância da taxa de câmbio em relação ao dólar. Essa estratégia pode não conseguir deter os fluxos de saída do capital porque as famílias e empresas chinesas são mais sensíveis ao câmbio entre o yuan e o dólar, disseram os estrategistas do Goldman Sachs. Por sua vez, a queda do yuan ameaça desacelerar o ritmo de ajuste da política monetária do Fed, disseram eles.

“Vemos uma boa chance de que os mercados especulem novamente sobre a necessidade de uma desvalorização extraordinária, embora os responsáveis pela política econômica tenham transmitido que isso não está previsto”, disseram os estrategistas.

As apostas especulativas contra o yuan parecem continuar sob controle. Nem os futuros apontam, nem os indicadores da volatilidade das opções subiram muito. Pelo menos um banco chinês de grande porte vendeu dólares para manter o yuan estável na quarta-feira, quando a moeda se aproximou do valor mais baixo em cinco anos, de acordo com dois traders.

TÍTUTLOS

O yield do título do governo chinês com vencimento em dez anos aumentou 7 pontos-base nesta semana, para 3,03%, o maior aumento semanal entre notas de referência desse teor desde o período de cinco dias finalizado em 8 de abril. Os mercados monetários do país costumam fazer ajuste em junho porque os bancos guardam dinheiro antes das verificações regulatórias do fim do trimestre. O índice de referência Shanghai Composite Index avançou 4,2% nesta semana, interrompendo uma sequência de seis semanas de perdas.

Os títulos caíram porque “o mercado está preocupado com fatores de meados do ano, com a desvalorização do yuan e com os aumentos dos juros no exterior”, disseram analistas da Guotai Junan Securities encabeçados por Xu Hanfei em uma nota. “Depois de junho, o mercado poderá voltar a uma sequência de otimismo impulsionado por fundamentos econômicos fracos”.