XANGAI – O Goldman Sachs elevou sua perspectiva de curto prazo para o minério de ferro e projetou a continuidade dos altos níveis de volatilidade dos mercados do aço teve avanço de 30% neste ano, favorecendo companhias do setor produtivo ? é o caso de Vale, Usiminas e Gerdau, no Brasil, e Rio Tinto Group e BHP Billiton, no exterior. A valorização, após três anos de queda, se deveu à demanda e à produção de aço da China, mais resilientes do que o esperado.
A commodity será negociada a US$ 50 a tonelada em três meses e a US$ 40 em seis meses, disseram analistas do Goldman, incluindo Christian Lelong e Amber Cai, em relatório com data de 27 de julho. As projeções superam as de US$ 45 e US$ 35 feitas anteriormente. O minério com 62% de conteúdo em Qingdao, na China, subia 0,9 % nesta quarta-feira, para US$ 58,63, segundo a Metal Bulletin. No UBS, a projeção é de US$ 47 a tonelada no ano que vem, com preços começando a cair neste segundo semestre. Já os analistas da Sanford C. Bernstein veem preços sustentados em patamares mais altos por mais 12 meses.
?Estamos mantendo a meta de longo prazo a US$ 35 por tonelada, mas ressaltamos o potencial de continuidade da volatilidade de preço até a normalização dos estoques de aço?, escreveram os analistas do Goldman. Os baixos estoques de aço na China, a principal produtora, provocaram fortes oscilações de preço em um momento em que os investidores que especulam com as tendências macro miram primeiro os mercados do aço e do minério de ferro.
O momento da normalização dos estoques ? e, consequentemente, o ponto de equilíbrio dos preços ? é ponto de dúvida. Enquanto isso, a continuidade do avanço das cotações vem desafiando os alertas sobre excesso de oferta.
O UBS Group enfatiza que a recuperação deste ano levou a retomadas de minas no Brasil, na África Ocidental, na Austrália e na China, ampliando a oferta global e potencialmente contribuindo para o enfraquecimento dos preços até o ano que vem. ?A oferta que havia deixado o mercado está voltando.? A instituição enfatizou o aumento da produção da Roy Hill, nova mina da bilionária australiana Gina Rinehart em Pilbara. ?O crescimento da oferta em curso e a queda da demanda deverão pesar ainda mais sobre o mercado em 2017 em um momento de custos crescentes com energia e redução das margens?.
De fato, os estoques portuários já atingiram o maior nível desde 2014. Mas, dizem os profissionais do Goldman, a postura cautelosa do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e os estímulos fiscais das maiores economias, com um boom de crédito no primeiro semestre, poderiam justificar os estoques mais elevados e apoiar os preços à vista atuais por mais tempo, escreveram os analistas do Goldman.
Analistas da Sanford C. Bernstein avaliam que as medidas de estímulo de Pequim sustentarão as cotações até meados do ano que vem, explicando que o aumento da liquidez se transferirá à produção maior de aço.
A Macquarie Group alertou neste mês que os avanços recentes podem muito bem estar além dos fundamentos, dizendo que havia uma oferta abundante, ampliando os estoques nos portos da China e as perspectivas de uma produção de aço mais fraca.
PREJUÍZOS NO SETOR
Com o recuo dos preços a partir deste semestre, chegando a US$ 47 a tonelada no ano que vem, os analistas do UBS esperam prejuízos maiores para o setor e ?o sinal necessário para que a oferta deixe o mercado e se reequilibre em relação à demanda mais fraca?.
O minério com 62% de conteúdo entregue em Qingdao subiu 2,1% na segunda-feira, para US$ 58,08 a tonelada, segundo a Metal Bulletin. Os preços tiveram um rali de 23% nos três primeiros meses do ano e subiram mais 3,6% até junho, fechando a primeira alta em dois trimestres seguidos desde 2013.