SÃO PAULO. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, disse que o caixa 2 de campanha precisa ser ?desmistificado? e defendeu que a Justiça e a Procuradoria-Geral da República separem os casos de doações eleitorais oriundas de propina das feitas com dinheiro limpo, mas que não foram declaradas.
?Caixa 2 tem que ser desmistificado também. Necessariamente ele não significa um quadro de abuso de poder econômico. Por que se faz caixa 2? A princípio para o candidato seria indiferente, seria até melhor que ele recebesse pelo caixa 1?, afirmou Mendes, em entrevista à BBC Brasil.
O presidente TSE classificou o caso como ?complexo? e defendeu que ?o emaranhado terá que ser decifrado?.
?Por isso, temos que nós ver nesse terreno, que é um terreno movediço, com muito cuidado, para não misturar todas as situações que estão aí. Vamos ter que ter uma certa calma no processo de análise?, disse o ministro, em entrevista à GloboNews.
Na visão de Mendes, um candidato de oposição não tem motivos para pedir doação eleitoral via caixa 2. ?Por que um candidato de oposição vai pedir recurso no caixa 2? Isso talvez tenha mais lógica para a estratégia de quem doa. ?Ah, eu quero doar no caixa 2 para não ser conhecido, para não ser pressionado?. Se eu distribuo recursos para a oposição e a situação, eu não quero que a situação, à qual estou vinculado, me cobre por estar apoiando a oposição. Em suma, é muito complexo.?
Segundo o presidente do TSE, as investigações da Lava-Jato revelaram a existência de quatro tipos de situação: ?Temos a doação plenamente legal. Tem essa chamada doação legal entre aspas, (oriunda de) propina. Temos a doação irregular, informal, caixa dois, que não teria outro vícios. E podemos ter também essa doação irregular, informal, (oriunda de) propina, portanto com o objetivo de corrupção?.