BRASÍLIA- O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, disse que chegou a comprar passagem para voltar de Lisboa a fim de participar do julgamento em plenário da decisão liminar que afastou Renan Calheiros da presidência do Senado, mas desistiu após a presidente da Corte, Cármen Lúcia, informar que não acreditava que o tema seria pautado.
A conversa, por telefone, ocorreu na manhã desta terça-feira. À tarde, Marco Aurélio Mello, autor da determinação, comunicou a liberação da decisão para o plenário, pautada por Cármen Lúcia em caráter de urgência como primeiro item a ser julgado amanhã. A ministra informou, pela assessoria, que não vai comentar. Gilmar falou de Estocolmo, de onde só volta na sexta-feira.
– Até comprei passagem de volta de Lisboa (…), ela (Carmém) avaliou que não seria julgada a ação – explicou Gilmar, que seguiu para Estocolmo. – Depois, falei com ela em Estocolmo e (ela) disse que ia ter o julgamento.
Gilmar, que sugeriu o impeachment do colega Marco Aurélio numa crítica à decisão, afirmou que quem assume o papel de superpoder deveria ?calçar as sandálias da humildade?, dizendo que se referi às instituições de forma geral. Ele disse ainda que o episódio, que agravou a crise entre Judiciário e Legislativo, terá ?desdobramentos?, mencionando os atritos recentes entre os Poderes:
– Quando você tem uma votação (do projeto das 10 medidas contra a corrupção que incluiu o abuso de autoridade) daquela na Câmara, de 400 votos, as pessoas que sabem ler estrelas sabem que tem algo mais forte que raiva – disse Gilmar. – Quarenta votos num projeto de lei significa que podia ser aprovado como emenda constitucional.