RIO ? O galerista Liecil Oliveira, dono da carioca Athena, atendeu a ligação de um cliente e explicou que o pequeno Franz Weizmann verde já estava vendido. Eram ainda 13h, quando supostamente a ArtRio deveria estar abrindo as portas ? em seu primeiro dia, nesta quarta-feira, apenas a colecionadores e convidados. Mas, desde as 11h, colecionadores top já percorriam seus estandes, dando início a uma edição do evento que transpira otimismo. Se este vai se revelar acertado ou não, só se saberá após o último dia, domingo. Mas galeristas contabilizavam suas vendas, animados. O próprio Oliveira já negociava um Botero de 1995 (?House?) e estava esperançoso com um Burle Marx de 1981, que acabara de voltar de uma retrospectiva do artista e paisagista no Jewish Museum, em Nova York. Entre outras preciosidades, ele também oferecia um Marc Chagall em técnica mista (óleo, aquarela, guache) dos anos 1950. ArtRio 2016
? Estas feiras grandes têm um lado que transcende o puramente comercial. Na verdade, temos um museu temporário aqui. O visitante pode ver obras que são ícones ? diz ele.
Obras como ?Le peintre et son?, um óleo de Picasso de 1963, há 45 anos na mesma família brasileira, estava numa das paredes da paulistana Almeida & Dale, ao lado de um óleo de Flávio de Carvalho de 1945, ?Retrato de Inge? (1945). Também ali, havia um raro cinecromático de Abraham Palatnik dos anos 1960.
? O mercado de arte no Brasil cresceu barbaramente, e isso se reflete nas feiras ? diz Antonio Almeida, sócio da galeria. ? Para nós é importante estar aqui. Somos uma galeria de São Paulo, vendemos mais para colecionadores de lá, é muito bom poder mostrar nosso trabalho e fazer contato com colecionadores cariocas.
Entre os contemporâneos, Marcia Barrozo do Amaral, que optou por exibir apenas trabalhos de Ascanio MMM, celebrava o fato de ter vendido quatro das cinco esculturas de parede ?Quasos? que mostrava em seu estande. A paulistana Luiza Strina já havia negociado quatro obras, entre elas a escultura de parede ?The gaze of Versailles? (2016), de Olafur Eliasson, em latão e ouro (as outras, de Cildo Meireles, Jarbas Lopes e Laura Lima). Silvia Cintra, da Silvia Cintra + Box 4, já havia vendido um Miguel Rio branco, Sebasitão Salgado, Chintia Marcelle (que abre em outubro uma exposição no PS1, em Nova York), Laercio Redondo (atualmente com mostra no Dallas Contemporary) e um Nelson Leirner dos anos 1970, ?Uma linha dura não dura?.
? Acho que as pessoas estão começando a sair da casca ? diz Silvia. ? Porque todo mundo andava meio deprimido com a situação do Brasil, sem saber o que iria acontecer. Mas agora parece que está melhorando.
Marcia Fortes, da Fortes Vilaça, era uma das mais animadas. Sua galeria já havia vendido dez obras até as 15h, entre elas duas (da série de três) ?Repente?, da mineira Rivane Neuenschwander: um grande painel de feltro, com etiquetas de tecido que trazem palavras coletadas pela artista em manifestações de rua no último ano, como vadia, livre, aguente, escola, periferia e queremos. Ela confeccionou 12.600 etiquetas,que os visitantes da feira podiam pregar no painel, ou colocar na roupa, com alfinetes também disponibilizados pela artista. Foi um dos grandes sucessos do primeiro dia. A atriz Marieta Severo, por exemplo, foi vista circulando as palavrinhas na roupa.