SÃO PAULO. A Polícia Federal prendeu dois empresários em Campo Grande (MS), acusados de participação num esquema de fraudes ao sistema de pregão eletrônico do governo, o Comprasnet, que causou prejuízo aos cofres públicos de pelo menos 25 milhões entre 2010 e 2014. Os dois controlavam 15 empresas, algumas delas fictícias, que participavam dos pregões eletrônicos e simulavam lances para fraudar o sistema. Em alguns casos, quando perdiam o lance, chegavam a pagar para que a vencedora da licitação desistisse do negócio.
Em apenas um dos casos investigados, o produto foi adquirido pelo governo com um ágio de 600%. Nos quatro anos investigados, o grupo ganhou R$ 60 milhões em contratos. Sem as fraudes, os contratos poderiam ter sido fechados a R$ 35 milhões.
Segundo Cleo Mazzotti, diretor de combate ao crime organizado da Polícia Federal do Mato Grosso do Sul, não havia funcionários públicos envolvidos. A investigação começou há três anos, quando a Controladoria Geral da União detectou irregularidades em pregões. A operação policial, batizada de Licitante Fantasma, foi deflagrada nesta manhã para busca e apreensão nas cerca de 15 empresas do grupo. Os empresários, suspeitos de gerenciarem o esquema, acabaram presos por estarem com armas ilegais em casa – sete armas foram apreendidas.
O portal de compras do governo federal foi criado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e reúne licitações e contratos da administração pública federal. Por meio dele, as compras são feitas com mais agilidade, por meio de um pregão eletrônico. No portal, os fornecedores podem se inscrever no cadastro de fornecedores do Governo Federal, obter os editais e participar dos pregões.
Segundo Mazzotti, a operação deve gerar filtros antifraudes no sistema Comprasnet.