SÃO PAULO. O filho do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deverá ser responsável por supervisionar as obras da Odebrecht no país. Nicolás Maduro Guerra, de 26 anos, regressou à Venezuela após uma temporada no exterior e, segundo publicou o Diário Oficial da Venezuela, passará a ocupar um cargo criado para ele, o de diretor-geral de delegações e instruções presidenciais da Vice-Presidência da República. Segundo o jornalista venezuelano Nelson Bocaranda, do blog Run Run, é Maduro Guerra quem fiscalizará as obras da empreiteira brasileira no país. No Peru, o presidente Pedro Pablo Kuczynski admitiu freio na economia frente aos escândalos relacionados à empreiteira.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a empresa brasileira pagou US$ 98 milhões em propina a funcionários públicos venezuelanos entre 2006 e 2015 ? o maior montante de suborno na América Latina, depois do Brasil. Apesar de o presidente ter prometido investigar o caso, nenhum inquérito foi aberto no país. O período abrange os governos de Hugo Chávez e de Maduro, seu sucessor no chavismo.
Após a Lava-Jato, pelo menos dez obras que teriam participação da Odebrecht encontram-se paradas na Venezuela, incluindo a reforma o aeroporto de Maiquetía, na Grande Caracas, duas linhas de metrô na capital e arredores, um teleférico ligando comunidades ao sistema de metrô de Caracas, uma terceira ponte sobre o Rio Orinoco.
Procurada, a Odebrecht não se manifesta sobre o tema, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça, tanto no Brasil quanto no exterior. A exemplo do acordo anunciado em dezembro com autoridades do Brasil, dos Estados Unidos e da Suíça, a Odebrecht também está disposta a contribuir com as investigações realizadas pela Justiça de outros países.
Maduro Guerra não escapa das polêmicas, assim como o pai. Em 2015, em plena crise que atinge o país até hoje, apareceu em um vídeo dançando e se divertindo sob uma chuva de dólares. Já ganhou outros cargos públicos do pai desde 2013, como chefe de inspetores da Presidência e coordenador da Escola de Cinema venezuelana.
PERU
No Peru, onde as investigações relacionadas à empreiteira brasileira estão mais avançadas e três ex-presidentes alvo de investigação, o presidente Pedro Pablo Kuczynski falou sobre o impacto econômico dos escândalos, em sua primeira entrevista coletiva a jornalistas estrangeiros, dada em Lima na quinta-feira.
? Não podemos negar que (o caso Odebrecht) é um freio na economia ? disse Kuczynski, que está há sete meses no cargo.
O chefe de Estado peruano alertou sobre uma incerteza gerada por ?um entorno internacional complexo? e ?pela corrupção? no Peru.
Segundo Kuczynski, que enfrenta baixa aprovação popular e forte resistência no Congresso, ?o impacto da Odebrecht pode custar ao Peru até meio ponto de crescimento? por conta do impacto da Lava-Jato nas obras de infraestrutura.