Toledo – A pequena Valentina morreu na madrugada de ontem (18) na Unidade de Pronto-Atendimento de Toledo. A menina aparentava ser saudável, sem sintomas de doenças, chegou a ser fotografada pouco antes de seus últimos suspiros. Tomou uma vacina de rotina e foi quando o drama teve início. Ela passou mal e foi levada pelos pais para a emergência, medicada e horas mais tarde liberada. Sem melhorar, voltou à unidade, a equipe ainda tentou reanimar a garotinha, mas ela não reagiu mais. Velada em uma igreja da comunidade que frequentava, Valentina reuniu uma multidão para o adeus.
Apenas três meses de vida e uma história de muita emoção e luta pela vida. Valentina nasceu de uma gravidez de risco depois de anos de espera do casal Leandro e Joseane. Ainda na barriga da mãe ela sobreviveu à queda de um telhado enquanto os pais participavam de um culto. Mesmo ferida, a mãe conseguiu gestar Valentina, que veio ao mundo dois meses depois, linda e saudável.
Inconformada, a família registrou um boletim de ocorrência para saber o que tirou a vida do bebê. Após o registro, o corpo foi levado ao Instituto Médico Legal de Toledo para necropsia. Segundo familiares, a causa da morte não foi confirmada no primeiro laudo, mas que a criança teria apresentado desnutrição. Revoltados com a informação, as providências legais foram tomadas imediatamente.
A pastora da comunidade evangélica que acompanhou a família durante toda a saga em busca de socorro, Eliete Immich Borges, conta que Valentina era amamentada pela mãe e não tinha problema de sucção ou nutrição. “Foi uma criança muito desejada e fruto de pedidos do casal em orações. Estamos estarrecidos com a morte e os pais nem sequer cogitam a possibilidade dessa causa da morte estar correta. Por isso, o caso foi denunciado ao Ministério Público para que seja investigado com a seriedade que merece”, afirma.
de Valentina, Joseane Matias esperava pelo corpo da filha acompanhada pelas amigas e outras mães da comunidade. Diante de toda dor e tristeza, ela repetia um pedido óbvio e muito compreensível: “Eu queria apenas retirar ela viva em meus braços. Eu só preciso do meu bebê vivo”, repetia.
Na metade de tarde o pequeno corpo chegou ao local da cerimônia, onde era aguardado por centenas de pessoas. A morte precoce causou comoção nas redes sociais e na comunidade em que a família vive. O drama pessoal dos pais pode chegar ao Conselho Regional de Medicina, mas isso só deve acontecer depois que o IML liberar o laudo oficial e o Ministério Público se pronunciar sobre o caso, fato que deve acontecer em elo menos 30 dias, com a conclusão do Instituto Médico Legal.
Prefeitura se manifesta em nota
Procurada a respeito do caso, a prefeitura se manifestou apenas por meio de nota assinada pela Secretaria de Saúde, na qual pontua: “O Setor de Epidemiologia recebeu informação, quanto ao óbito relacionando o fato de que a mesma havia tomado vacina no dia anterior. Como procedimento padrão a Vigilância Epidemiológica está investigando o óbito juntamente com a 20ª Regional de Saúde de Toledo. Apesar de a criança ter realizado a vacina, não é prudente neste momento, atribuir qualquer reação decorrente da vacinação, tendo em vista que não há confirmação das causas do óbito. A vacina ministrada foi a vacina para meningite do tipo C, a qual é considerada segura pelo Programa Nacional de Imunização, estando no calendário vacinal desde o ano de 2010. Somente no ano de 2017 foram aplicadas 6.373 doses dessa vacina em crianças menores de 02 anos no município de Toledo, sem nenhuma relação adversa relatada. Nenhum alarde deve ser feito à população com relação à vacinação, tendo em vista a importância da manutenção da cobertura vacinal, a qual visa evitar inúmeros óbitos por agravos desta espécie.”