BRUXELAS ? O machismo também está presente no Parlamento Europeu. O polêmico eurodeputado polonês Janusz Korwin-Mikke, que já fez comentários racistas e antissemitas, defendeu nesta quarta-feira, perante seus colegas parlamentares, que as mulheres devem ganhar menos que os homens porque são inferiores. A posição foi bastante criticada, sobretudo pela socialista espanhola Iratxe García.
? Sabem que posição as mulheres ocuparam nas Olimpíadas gregas? A primeira mulher, digo-vos eu, ocupou a posição 800 ? disse Korwin-Mikke. ? Sabem quantas mulheres estão entre os primeiros cem jogadores de xadrez? Eu direi: nenhum. Por isso que as mulheres devem ganhar menos que os homens. Porque são mais fracas, menores e menos inteligentes.
Imediatamente, Iratxe, eurodeputada do Partido Socialista Operário Espanhol, pediu a palavra para contestá-lo:
? Olhe, senhor deputado. Segundo as suas teorias, eu não teria o direito de estar aqui como deputada ? disse Iratxe. ? Sei que lhe dói e lhe preocupa que hoje as mulheres possamos estar representando os cidadãos em igualdade de condições. Eu venho aqui defender as mulheres europeias de homens como você.
Comentários como o de Korwin-Mikke são incomuns no Parlamento Europeu, que tem entre os seus princípios básicos a defesa da igualdade. Por esse motivo, o líder dos socialistas, o italiano Gianni Pittella, pediu nesta quinta-feira uma ?sanção exemplar contra as vergonhosas declarações de Korwin-Mikke, que vão contra os princípios de igualdade de gênero desta casa?.
O pedido foi aceito pelo presidente do Parlamento, o também italiano Antonio Tajani, que anunciou a abertura de uma investigação por ?comentários sexistas? contra o eurodeputado polonês. Ele pode receber sanções, que vão desde uma reprimenda a multa com suspensão temporária das atividades.
HISTÓRICO DE INTOLERÂNCIA
Korwin-Mikke, defensor da monarquia e da pena de morte, é um político de extrema direita que se define como um ?conservador libertário?. Ele foi candidato à presidência da Polônia em 2015, mas alcançou apenas 4,8% dos votos. Entretanto, sua chegada ao Parlamento Europeu um ano antes se deu com votação expressiva de 7,2% dos votos, com surpreendente apoio dos eleitores mais jovens: obteve 28,5% dos votos dos da população entre 18 e 25 anos.
O comentário desta quarta-feira não é um caso isolado de demonstração de intolerância. Ele já foi punido pelo Parlamento Europeu em duas ocasiões. Em 2014, por comentários contra os negros; em em 2015, por entrar no plenário fazendo uma saudação nazista.
E seu histórico de preconceito não acaba aí. Ele já se referiu aos refugiados como ?lixo humano?, lamentou que as mulheres tenham direito a votar porque possuem menos conhecimentos sobre política, colocou em dúvida denúncias de estupro e questionou se Hitler estava a par dos planos nazistas para exterminar judeus e outras minorias.