Cotidiano

Estado terá que devolver 376 carros com o aluguel atrasado

RIO – O governo estadual corre o risco de ficar sem parte de sua frota de carros de
representação. Considerada a principal fornecedora de veículos para o estado, a
Companhia de Locação das Américas conseguiu, no último dia 8, uma decisão da
Justiça determinando que, até o fim deste mês, o governo devolva 376 carros
alugados por meio de uma série de contratos com até seis meses de duração. Entre
eles, há cem automóveis de representação, que podem ser usados por secretários,
subsecretários e diretores, dos modelos Ford Focus e Renault Fluence. Os carros
estão distribuídos entre 11 secretarias e a Suderj. Segundo a sentença, há
veículos blindados usados por secretários.

A decisão vem ao encontro de uma promessa do governador
licenciado Luiz Fernando Pezão, feita em dezembro do ano passado: o fim dos
carros de representação para secretários e subsecretários. Na ocasião, o então
secretário de Transportes, Carlos Roberto Osorio, chegou a ir a pé do Palácio
Guanabara, onde tinha participado de uma reunião, até a estação do metrô do
Largo do Machado. Crise – 12/06

A mesma medida foi anunciada pelo governador em exercício
Francisco Dornelles, como parte de um pacote de ajuste fiscal divulgado na
quarta-feira da semana passada, que veda a utilização de carros de
representação, exceto pelo governador e pelo vice-governador.

Em 2015, de acordo com levantamento da Comissão de Orçamento da Alerj, o
governo gastou R$ 74,3 milhões com aluguel de veículos de representação, em
valores liquidados. Só a Companhia de Locação das Américas recebeu R$ 7,5
milhões. Os órgãos que mais gastaram foram o Departamento de Transporte
Rodoviário (Detro), com R$ 2,6 milhões, seguido pela Secretaria de Governo (R$
1,4 milhões).

? Não dá mais para a gente ter o luxo que vínhamos usufruindo em outros
momentos. Todo mundo vai ter que se adaptar a essa realidade de escassez,
inclusive os outros poderes ? disse o presidente da Comissão de Orçamento,
deputado Pedro Fernandes (PMDB), referindo-se ao Judiciário e ao próprio
Legislativo.

A proibição, no entanto, não teria sido cumprida por todos. Fontes do governo
admitiram ao GLOBO que nem todos os secretários, diretores e subsecretários
deixaram de usar carros oficiais. Alguns disseram que passaram a usar modelos
mais populares.

DÍVIDA CHEGA A R$ 4 MILHÕES

De acordo com a ação judicial, proposta pelo advogado
Gustavo Schwartz, a dívida do governo com a empresa chega a R$ 4 milhões. Ele
reitera que os veículos estão em poder do estado:

? Os carros estão cedidos em locação para o governo. Sem
pagamento, não teve outra alternativa que não a rescisão. Os carros ainda não
foram devolvidos.

O governo do estado não se pronunciou sobre a decisão da Justiça nem informou
quando vai devolver os veículos.